São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996
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Paes pede que Temer espere convenção

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), afirmou ontem que o relator da reforma da Previdência, Michel Temer (PMDB-SP), será obrigado a mudar o seu parecer se a convenção nacional do partido decidir contra a proposta do governo.
"O relator não se desvincula do partido. Ele tem um compromisso de fidelidade ao partido", disse Paes. A convenção vai decidir, em votação secreta, se a aposentadoria deve ser por tempo de serviço ou por tempo de contribuição.
O presidente do PMDB propõe que o relator apresente o seu relatório somente após a convenção, que será realizada dia 24.
"O líder (Temer) ficaria em posição bem mais confortável. Faria o parecer em cima da decisão", disse.
Paes usou a tribuna da Câmara ontem para divulgar uma nota onde pretendia manifestar solidariedade ao líder do PMDB e relator da Previdência.
Mas, mesmo nessa nota oficial, ele reafirmou que votará contra o parecer de Temer.
"O deputado é homem de inatacável biografia. Sua conduta foi sempre a de um zeloso cumpridor da lei e incansável servidor do povo. O PMDB se orgulha em tê-lo como um de seus membros mais eminentes", diz no início da nota.
Depois, reafirmou a sua posição sobre a reforma da Previdência: "Assim como votei contra o substitutivo do relator Euler Ribeiro (PMDB-AM), reservo-me o direito de votar contra o parecer do líder Michel Temer, se assim entender a minha consciência".
Mais tarde, perguntado se não estaria sendo contraditório, o presidente do PMDB respondeu: "O relator tem todos os meus louvores, mas não o meu voto".
O deputado Hermes Parcianello (PR) afirmou ontem que o número de dissidentes no PMDB deverá chegar a 49, 9 a mais do que na votação do projeto de Euler Ribeiro.
O levantamento informal foi feito por um grupo de seis deputados do PMDB.
Apoiado nessa informação, um deputado de São Paulo deverá propor a Temer que ele entregue o cargo de relator para evitar confronto com o partido.
Para os dissidentes, Temer não poderia ter aceitado a relatoria porque ficou refém do PSDB e do governo.

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