São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996
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Pesquisa vê quadro grave no emprego

Oferta não segue a procura

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento da oferta de novos postos de trabalho no país (1,63% até outubro de 1995) continua sendo inferior ao projetado pelas necessidades decorrentes da expansão natural da população em idade de trabalhar (cerca de 3%).
Essa conclusão de um trabalho da economista Maria Cristina Cacciamali, da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), permeou os debates do seminário "Desemprego no Brasil: A Questão tem Solução", realizado na sexta-feira passada, em São Paulo.
Organizador do seminário, o economista Paulo Rabello de Castro, presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, disse que a pesquisa de Cacciamali confirma que a questão do emprego no Brasil, ultrapassada a era da inflação aguda, passa a ter o grau máximo de prioridade nas preocupações da sociedade.
Reformas
Especialistas presentes ao seminário confirmaram esse quadro.
A reversão desse quadro, disseram, depende da conclusão das reformas estruturais, de educação, treinamento e reciclagem da mão-de-obra, além da retomada dos investimentos para que o país cresça no mínimo 5% ao ano.
O deputado Roberto Campos (PPB-RJ) disse que a criação de novos empregos depende das reformas estruturais e da privatização.
"Sem isso permaneceremos numa situação de estagnação por muito tempo", afirmou.
Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), disse que uma solução paliativa seria a retomada das câmaras setoriais, com metas de produção e impedimento de novas demissões.
"É uma medida palpável, mas que só terá sustentação ao lado de projetos de investimentos a médio e longo prazos."
O empresário Ruy Martins Altenfelder Silva, diretor do Instituto Roberto Simonsen, o "tanque de idéias" da Fiesp, co-organizador do seminário, disse que não acredita na retomada do emprego a curto prazo, porque isso depende das reformas da estrutura da Constituição de 1988.
Mais demissões
Na primeira semana de março, o nível de emprego na indústria paulista caiu mais 0,24%, com o fechamento de 5.101 postos de trabalho, informou ontem a Fiesp.
Com isso, o número de vagas fechadas pela indústria paulista neste ano passou para 58.844, um recuo de 2,73% no nível de emprego.
Nos últimos 12 meses a queda é de 11,12% (menos 263.097 vagas).

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