São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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Divisão da PF vai investigar Econômico

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A recém-instalada DCOIE (Divisão de Crime Organizado e Inquéritos Especiais) da Polícia Federal vai apurar os crimes financeiros atribuídos a ex-dirigentes do Banco Econômico.
Uma delegada de Brasília irá à Bahia na próxima semana. Ela vai investigar os empréstimos irregulares a empresas coligadas do banco e as doações feitas nas eleições de 1990 para 27 políticos citados na pasta "cor-de-rosa".
A pasta continha nomes de políticos beneficiados por doações do banco para campanhas eleitorais.
Instalada neste mês, a nova divisão conta com delegados especializados em apurar fraudes no sistema financeiro. A maioria trabalhou com o delegado Paulo Lacerda, hoje na PF do Rio de Janeiro.
Ele investigou fraudes em contas CC-5 (para residentes no exterior) e "fantasmas" do empresário Paulo César Farias, ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello.
Por enquanto, a DCOIE vai concentrar as investigações sobre os empréstimos irregulares do Econômico. Essas operações foram apontados pelo Banco Central em levantamento encaminhado à Procuradoria Geral da República.
Doações eleitorais
A investigação sobre os empréstimos irregulares é o primeiro inquérito da DCOIE. Oficialmente, foi instaurado no último dia 11, atendendo a uma determinação do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro.
Entre os beneficiários das irregularidades, são citados pelo BC empresas petroquímicas ligadas ao ex-controlador do Econômico, Ângelo Calmon de Sá.
A DCOIE vai também retomar o inquérito sobre a pasta "cor-de-rosa", que foi concluído pela própria PF em fevereiro passado, com o indiciamento de Calmon de Sá e o seu ex-chefe de gabinete Antonio Ivo de Almeida.
Isso ocorrerá depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) encaminhar o inquérito à Justiça Federal da Bahia, de acordo com a decisão do ministro Octávio Galotti, que acatou o parecer do procurador geral da República.
"Conjecturas"
Geraldo Brindeiro foi contrário à conclusão do delegado Paulo Lacerda, que queria investigar os dez parlamentares citados na pasta cor-de-rosa. Para ele, o delegado levantou apenas "conjecturas".
Entre eles, consta o nome do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que seria o maior beneficiado das doações. Ele teria recebido US$ 1,1 milhão dos US$ 2,4 milhões listados na pasta rosa. O senador nega a acusação.
A PF poderá novamente tentar investigar os parlamentares, se encontrar provas que justifiquem novo pedido ao STF.

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