São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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Governo federal conclui acordo da dívida externa

Acertos representam desembolso imediato de US$ 69,4 milhões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal completou anteontem a renegociação da dívida externa, com a assinatura de acordos com a família Dart -dos Estados Unidos- e com o Banco do Brasil. Os acordos representam um desembolso imediato de US$ 69,4 milhões.
Com prazo de pagamento em até 20 anos -mais carência variando entre 3 e 7 anos-, foram renegociados outros US$ 3,008 bilhões.
O BB e a familia Dart eram os dois únicos credores privados que não aceitaram os termos da renegociação assinada em dezembro de 1993, que envolveu a troca da parte principal do débito e dos juros atrasados pelos bônus Brady, como ficaram conhecidos os novos títulos.
Desconto
Aquele acordo garantiu ao Brasil um desconto de cerca de US$ 8 bilhões em uma dívida total de US$ 32,5 bilhões. Isto porque quase um terço dos papéis teriam desconto de 35%.
No acordo assinado anteontem, a família Dart manteve sua posição de não aceitar os bônus Brady.
O principal de seus créditos permaneceu com os mesmos títulos -os Mydfa-, com prazos e juros inalterados em relação ao que havia sido acertado em acordo anterior com o Brasil, em setembro de 1988.
Esses papéis, que totalizam US$ 1,32 bilhão, recebem remuneração anual equivalente à taxa Libor mais 0,81%, com vencimento até o ano de 2008.
Ao assinar o acordo, os Dart transferiram esses papéis para a Coutts & Co Ltd., subsidiária do banco inglês National Westminster, reduzindo significativamente seus créditos com o Brasil.
O acordo fechado anteontem prevê que parte dos juros atrasados -US$ 52,3 milhões- terá a mesma remuneração dos Mydfa.
O resto dos juros -US$ 25,3 milhões, referentes a 50% da parcela não honrada em outubro de 1994- foi pago em dinheiro.
O acordo foi comemorado ontem pelo diretor de assuntos externos do Banco Central, Gustavo Franco. "Havia uma certa fadiga das duas partes, depois de tanto conflito", afirmou.

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