São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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Entidades fazem ato contra o Proálcool

Mão-de-obra infantil causa protesto

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de entidades da sociedade civil, comandado pela Fundação Abrinq, promoverá hoje manifestação em frente ao Palácio do Planalto para protestar contra a reativação do Proálcool.
Os manifestantes acham "estarrecedor e inaceitável" o subsídio governamental "a uma das atividades econômicas que mais explora a mão-de-obra infantil no país".
É uma alusão ao fato de que pelo menos 500 mil crianças e adolescentes (entre 7 e 17 anos) trabalham na cadeia produtiva do álcool e do açúcar, conforme cálculos feitos pela Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura).
Ao subsidiar a produção de álcool, inclusive por meio do refinanciamento da dívida dos usineiros, o governo indiretamente estaria estimulando o emprego de crianças, ao menos no início da cadeia produtiva que termina com o álcool nas bombas dos postos.
A situação parece ser pior no Nordeste: uma pesquisa do Centro Josué de Castro constatou que, só na Zona da Mata (principal região produtora de Pernambuco), trabalham com a cana-de-açúcar 60 mil crianças e adolescentes. Pior: 89,7% delas não têm carteira de trabalho assinada.
Moção
Os manifestantes pretendem entregar ao governo moção que pede que qualquer tentativa de financiamento do Proálcool fique condicionada a uma cláusula prevendo a eliminação do trabalho infantil.
A moção leva a assinatura tanto de congressistas da oposição quanto de integrantes da bancada governista, como a deputada Marilu Guimarães (PFL).
Na sua campanha para eliminar o trabalho infantil, a Fundação Abrinq já conseguiu a adesão de três setores em cuja cadeia produtiva entra mão-de-obra infantil.
É o caso dos calçados, da indústria da laranja e até da indústria automobilística, que utiliza carvão, após transformado em ferro-gusa, em inúmeros componentes dos veículos.

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