São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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CUT propõe ação contra desemprego

Central recusa salário menor

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT lançou ontem a campanha "Diz Emprego", de combate ao desemprego, e apresentou novas propostas que serão debatidas com governo, empresários e outras centrais sindicais.
"Queremos fazer um grande debate com a sociedade e trazer para a ordem do dia a questão do desemprego. Mas não aceitamos administrar a crise. Temos propostas positivas, para sair da crise", disse o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
Segundo a CUT, se suas propostas fossem colocadas em prática, seriam criados no mínimo 6,5 milhões de empregos em um ano.
"Isso significa reduzir o desemprego, que hoje atinge 10 milhões de pessoas, pela metade em um ano, considerando-se que 1,5 milhão de pessoas entra no mercado de trabalho a cada ano."
Fundo
Na nova proposta contra o desemprego da CUT, o Fundo de Manutenção do Emprego -cujos recursos viriam de percentual dos salários e do faturamento das empresas- ganhou dimensões menores.
Ele não será um fundo nacional, como havia sido proposto, e deve ser negociado em câmaras setoriais ou por empresas.
A CUT acredita que, somente com a redução da jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas, sem redução de salários, cerca de 3,5 milhões de empregos seriam criados.
"Os empresários que pretendem reduzir jornada e salários têm uma posição pequena, que eu lamento", afirmou Vicentinho.
Ainda segundo ele, os 265 bilhões de horas extras feitos no país em 94, se fossem substituídos por contratações, poderiam gerar 1,5 milhão de empregos.
Com a reforma agrária e o assentamento de 2 milhões de famílias nos próximos quatro anos, seriam gerados, de acordo com a CUT, 1,5 milhão de empregos diretos por ano, considerando-se que cada família tem três membros.
Desempregados
A CUT tem propostas também para quem é desempregado.
Quer negociar junto a prefeituras e governos estaduais e federal que os desempregados cujo último salário não seja superior a dez mínimos tenham direito a transporte gratuito, moratória no pagamento do IPTU, casa própria, contas de luz e água, entre outras.
A central defende que o seguro-desemprego passe a ter período de pagamento de 12 meses, com piso de um mínimo e teto de dez mínimos (nos primeiros seis meses) e cinco mínimos (nos últimos seis).
Isso representaria um gasto de mais R$ 1 bilhão por ano, frente aos R$ 2 bilhões que são gastos hoje, com o seguro-desemprego.
"Só com o fim do remanejamento dos recursos do Fundo de Amparo do Trabalhador para outros fins conseguiríamos bem mais do que R$ 1 bilhão", disse Vicentinho.

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