São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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Prefeitura reduz profissionais com o PAS

CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo reduziu de 700 para 400 o quadro de médicos em 13 unidades da região central para implantar o PAS (Plano de Atendimento à Saúde) em 17 bairros. O plano estava marcado para começar a funcionar à 0h de hoje no centro.
O secretário municipal da Saúde, Roberto Paulo Richter, disse que a qualidade do atendimento não vai cair. "No sistema atual não tem nem 400 trabalhando", afirmou. "Vamos mostrar que, com menos gente, a qualidade vai melhorar."
Segundo ele, há médicos lotados em outras unidades, em férias e muitas faltas aos plantões. Por isso, o total real de médicos seria inferior ao 700 lotados no centro.
O PAS prevê a transferência dos hospitais da prefeitura para o controle de cooperativas formadas por médicos e funcionários licenciados do serviço público.
Os moradores da região precisam se cadastrar e receber uma carteirinha para serem atendidos nos hospitais. As cooperativas recebem por mês da prefeitura R$ 10 por morador cadastrado. No caso da região central, a expectativa da prefeitura é que 450 mil dos 1.041.294 moradores se inscrevam. Isso daria para as cooperativas R$ 4,5 milhões por mês.
Com esse dinheiro, as cooperativas terão que administrar os hospitais, contratar serviços de terceiros e comprar remédios. O que sobrar será rateado entre os cooperados.
Para se cadastrar no PAS, a pessoa precisa comprovar moradia na cidade. Quem não mora em São Paulo só vai ser atendido em caso de emergência.
Menino Jesus
Richter afirmou que no Hospital Menino Jesus, que concentra o maior número de pediatras da rede pública em São Paulo, mesmo as crianças que não são do centro receberão atendimento.
Richter disse ontem que a porcentagem de pediatras e das demais especialidades no quadro total de médicos do PAS não vai reproduzir o que ocorria no sistema convencional.
Segundo ele, um estudo da secretaria e a experiência do PAS em Pirituba/Perus serviram de base para a mudança do "balanceamento" de especialidades.
Ontem, as entidades médicas que se opõem ao PAS fizeram uma reunião no CRM (Conselho Regional de Medicina) para decidir como atuar contra o plano.
Até a semana passada, a prefeitura estava proibida de implantar o PAS na cidade em função de uma liminar do TJ (Tribunal de Justiça). Mas a liminar foi cassada.
A Associação Paulista de Medicina, o Sindicato dos Médicos e a Federação Nacional dos Médicos devem recorrer da decisão.

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