São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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Bolsa reage ao longo do dia; câmbio sobe

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro mudou de país durante o dia. Ganhou dinheiro (e pode não ter sido pouco) quem ontem apostou suas fichas no governo.
Pela manhã, com a CPI dos bancos dizendo presente, a Bolsa paulista chegou a cair 2,17%. Os operadores tinham só uma ordem a cumprir: vender.
Mas saiu um comunicado do presidente do Senado, José Sarney, esclarecendo que não havia rompido com o governo.
Depois, a primeira reunião da CPI foi adiada, enquanto circulava a avaliação de que o governo tinha fechado um acordo com o PMDB.
Foi o que bastou para que os humores mudassem completamente. Do caos iminente ao Primeiro Mundo num vôo sem escalas.
A Bolsa paulista fechou em alta de 0,34%. As ações da Telebrás subiram, ao longo do pregão, 4,4%.
O volume negociado cresceu ligeiramente, ficando em R$ 247,659 milhões, e operadores enxergaram ordens de compra de estrangeiros.
O dólar comercial (exportações e importações) também andou na gangorra -mas não desceu completamente na terra ao final do dia.
Chegou a bater em R$ 0,9901 (alta de 0,36%), com os operadores dizendo que o fluxo era negativo (saídas maiores que entradas) -e pode ter sido mesmo, mas houve também especulação.
Depois, com os futuros apontando para uma calmaria suíça, o comercial fechou sendo vendido a R$ 0,9880 (alta de 0,15%).
Os títulos da dívida externa, que, desde a manhã, já sentiam os bons ares de um mercado internacional mais favorável (os títulos argentinos saíram na frente), subiram ao longo do dia. O C-Bond, o mais negociado, fechou cotado a USŸ 0,5988, com alta de 4,81%.
No mercado futuro de juros, a calmaria acabou produzindo projeções para o comportamento mais favorável das taxas (o que significa mais baixas) do que antes de ter começado essa história de "tem CPI ou não tem CPI".
O BC (Banco Central) não atuou nem no câmbio nem no over. Além de se fingir de morto, o BC, ao não atuar no over, acabou estimulando os bancos a acertar o caixa entre si -mas tendo como garantia títulos do governo. Reclamando da imprecisão dos analistas políticos, o mercado fechou o dia enterrando a CPI. A aposta é que está morta e não com catalepsia.

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