São Paulo, sábado, 23 de março de 1996
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Destaques podem atrasar a reforma

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A presença de deputados em plenário nas próximas sessões será o principal desafio do governo para terminar a votação da reforma da Previdência na Câmara.
As partes mais polêmicas da reforma terão de ser votadas novamente, atendendo a um artifício regimental.
O projeto aprovado anteontem recebeu 187 destaques (DVS -Destaque para Votação em Separado).
Isso significa que, para cada um deles, o governo terá de ter 308 votos favoráveis para manter o texto como foi elaborado pelo relator Michel Temer (PMDB-SP).
A norma regimental exige uma nova votação para cada DVS. Em média, cada votação deve levar 30 minutos.
A estimativa é que a votação dos destaques exija, no mínimo, dez sessões, ou duas semanas. Isso se o número de destaques for reduzido depois da triagem feita pela secretaria da Mesa.
Na próxima terça-feira o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), vai tentar um acordo com os partidos políticos para diminuir o número de destaques.
Destaques do PT
O presidente da Casa quer que os partidos mantenham apenas os que consideram mais importantes, retirando os demais.
O PT pretende manter os cerca de 50 que apresentou. "Não vamos abrir mão de nada. O governo não negociou o projeto com a oposição, ele que se vire agora para conseguir aprovar os destaques", disse o vice-líder petista, deputado Humberto Costa (PE).
Para ter segurança de vitória sobre a oposição, as lideranças governistas apenas devem colocar os destaques em votação quando pelo menos 470 deputados estiverem no plenário.
Outro obstáculo para o governo é a Semana Santa, quando poucos parlamentares devem permanecer em Brasília.
Os problemas para o governo não terminam aí. Após a conclusão da votação em primeiro turno, o processo de votação se repete mais uma vez, por exigência constitucional.
Novamente o Palácio do Planalto e os partidos a ele aliados terão de conseguir os votos para o projeto de Temer e enfrentar os destaques, que podem ser apresentados mais uma vez.
Senado
Enquanto a Câmara conclui a votação, o governo já está de olho no Senado. A preocupação é manter o texto aprovado pelos deputados sem alterações.
Caso os senadores modifiquem a emenda, a proposta deve, obrigatoriamente, voltar para a Câmara.
Se isso ocorrer, o projeto terá de passar novamente pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), pela comissão especial e pelas votações em dois turnos no plenário. A tramitação pode levar todo este ano para ser concluída.
Fim do IPC
A oposição vai tentar, nas próximas votações, restaurar a aposentadoria por tempo de serviço. O projeto de Michel Temer estabelece como critério para aposentadoria o tempo de contribuição -35 anos para os homens e 30 anos para as mulheres.
Os partidos oposicionistas também pretendem retirar o limite de idade para a aposentadoria do funcionalismo (50 anos para mulher e 55 para homem).
Há destaques prevendo ainda o fim do IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas).

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