São Paulo, sábado, 23 de março de 1996
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Brasil não é favorecido

DA REPORTAGEM LOCAL

A "doença da vaca louca" não deve afetar o Brasil no curto prazo. É que o país exporta pouca carne bovina "in natura" ao Reino Unido.
Segundo Victor Abou Nehmi, consultor econômico em pecuária de corte, o Reino Unido compra cerca de 10 mil toneladas por ano.
O país, diz Nehmi, é o maior consumidor de carne industrializada brasileira ("corned beef"). Entre 50% e 60% das exportações vão para o Reino Unido.
Ferdinando João Carollo, presidente da Abiec (associação que reúne os exportadores de carne industrializada), diz que a doença prejudica o Brasil.
Para ele, se o rebanho tiver de ser sacrificado, o Brasil deixaria de exportar carne "in natura" e industrializada porque o consumidor inglês não consumiria nenhum tipo de carne bovina. "As autoridades não teriam como provar ao consumidor que a carne é saudável."
Aumento de 5%
O Brasil tem condições de exportar cerca de 500 mil a 600 mil toneladas de carne por ano, segundo Nehmi (o normal é exportar 400 mil).
Assim, se houver o sacrifício do rebanho, o Brasil teria condições de vender mais 200 mil. Como a produção é de 4,9 milhões, as 200 mil representam 4,1%.
Esse aumento nas exportações poderia fazer os preços internos subirem 5%, avalia Nehmi. Ele ressalta, no entanto, que esse aumento ocorreria no médio prazo -cerca de 12 meses.
O Brasil importou em 1990 cerca de 18 mil toneladas de carne da Irlanda, país onde foram registrados casos da "doença da vaca louca". A maior parte foi industrializada, segundo Nehmi.
O restante foi consumido "in natura". O último lote, de 2.100 toneladas, chegou ao Brasil em 1993.

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