São Paulo, domingo, 24 de março de 1996 |
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Cirurgia no coração pode ser evitada
JAIRO BOUER
Esse é o resultado de um trabalho desenvolvido nos últimos anos no Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da USP. O estudo comparou três formas de tratamento: o uso de medicamentos, a angioplastia (introdução de um cateter dentro da coronária) e a cirurgia cardíaca em 214 pacientes (veja quadro ao lado). Todos eles eram portadores de uma única obstrução na coronária descendente anterior, artéria que irriga o ventrículo esquerdo -principal "bomba" do coração. Os pacientes tinham função normal do ventrículo e angina estável (dor no peito apenas aos esforços físicos). Nenhum deles tinha enfrentado um infarto. Segundo o cardiologista Whady Hueb, responsável pelo trabalho, o acompanhamento desses pacientes, por cinco anos, mostrou que não houve diferença significativa quanto à mortalidade, à insuficiência cardíaca e ao infarto nos três grupos. O resultado do trabalho foi publicado em algumas das mais importantes revistas de cardiologia e de medicina do mundo. Outros médicos do Incor, como Fulvio Pileggi, diretor do instituto, e o ministro da Saúde, Adib Jatene, também participaram da pesquisa. A angina foi o único sintoma que se manteve em alguns pacientes que só receberam medicamentos. No grupo submetido à cirurgia, ela foi totalmente abolida. Com a angioplastia, o resultado foi intermediário. Cerca de 20% dos pacientes que fizeram inicialmente a angioplastia tiveram que repetir o procedimento. 6% deles também acabaram indo para a cirurgia. O trabalho aponta que, para a maioria dos pacientes com uma lesão única e localizada nas coronárias, não existe necessidade de uma cirurgia imediata -que traz um risco de mortalidade de 0,5% a 1%. No entanto, Hueb explica que o desconforto físico dos pacientes é um dos fatores que pesa na indicação da cirurgia. Aqueles que acabam tendo sua vida muito limitada pela angina podem se beneficiar de uma ponte de safena. A combinação de medicamentos utilizada pelos pacientes incluiu betabloqueadores (diminuem o trabalho do coração), bloqueadores de canais de cálcio (impedem o espasmo das coronárias), nitratos (aumentam o calibre dessas artérias) e a aspirina (que inibe a coagulação do sangue). Hueb diz que mesmo os pacientes submetidos à cirurgia e à angioplastia precisam tomar os mesmos medicamentos. Texto Anterior: 'Filme pornô gay é excitante' Próximo Texto: Conheça os tratamentos para a obstrução das coronárias Índice |
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