São Paulo, domingo, 24 de março de 1996 |
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Das S/As em todo o país, só 4,4% têm ações nas Bolsas Especialistas distinguem especulador do manipulador JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
O preço das ações multiplicado pela quantidade daria aproximadamente US$ 150 bilhões. Dessa montanha de dinheiro, pouco mais da metade, cerca de US$ 80 bilhões, está nas mãos de acionistas minoritários (que não têm o controle da empresa). Destes, a cada ano, US$ 60 bilhões giram pelas Bolsas. Alternativa Cada vez mais as empresas recorrem ao mercado de capitais (e não aos bancos) em busca de recursos para seus investimentos. O pulo do gato é, segundo o deputado Antonio Kandir (PSDB-SP), entender que "as empresas são instituições que podem emitir títulos", de debêntures a ações, para captar recursos. "As pessoas ainda acham que as empresas só investem com capital próprio ou emprestado", diz. Afirmando que, na média, os controladores detêm 45% do capital de suas empresas, Roberto Faldini, presidente da Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas), diz ser preciso "assegurar ao investidor a transparência dos dados e dos balanços". Sérgio Santamaria, diretor de Research do Banco de Boston, acrescenta ser preciso criar mecanismos "simples e descomplicados" para ampliar a base de investidores. Antonio Sanvicente, do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), destaca a democratização das informações. A Bolsa concentra uma série de dados fundamentais para avaliar o desempenho das empresas e seu futuro. Especuladores Sanvicente e Faldini inocentam o chamado especulador. Ele tem um papel de honra a cumprir no mercado: o de garantidor da liquidez. "Outra coisa é a manipulação, que deve ser combatida e fiscalizada", diz Faldini, que elogia a auto-regulação das Bolsas e pede melhor aparelhamento técnico e material da CVM como "xerife". A diferença entre especular e manipular é, no fundo, ter ou não acesso a informações privilegiadas. "É positivo para o mercado especular sobre o futuro, mas é negativo ganhar dinheiro com a certeza do futuro", afirma Kandir. O deputado acha, porém, que a imagem de cassino representa de fato uma parte do que é o mercado. "Como ele é pequeno, sofre mais o impacto da manipulação." Texto Anterior: Isto é o Brasil Próximo Texto: Desinformação é maior entrave Índice |
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