São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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As máquinas de pensar

CÁSSIO STARLING CARLOS; HELIO GUROVITZ
DA REDAÇÃO

O campeão mundial de xadrez perdeu. Perdeu para um computador. Foi só uma derrota (e dois empates) em seis partidas disputadas, mas o jogo do enxadrista russo Garry Kasparov contra o supercomputador Deep Blue, no último mês, trouxe à tona o misto de fascínio e horror causado no homem por um cérebro artificial capaz de enfrentá-lo. Como o HAL-160, computador-personagem do filme "2001 - Uma Odisséia no Espaço", que acaba por se rebelar contra o homem -e matá-lo.
Deep Blue não é a única máquina real a provocar temor e tremor. O robô Cog está sendo projetado e construído no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para pensar, agir e até sentir como se fosse humano. Já tem cabeça, olhos, braços e o que se poderia chamar de cérebro.
Ambas as máquinas derivam de disciplinas controversas: a inteligência artificial (IA), ramo da computação que estuda métodos de simular o pensamento humano, e a ciência da cognição, que reúne filósofos, psicólogos, computólogos e neurocientistas para investigar e reproduzir o cérebro.
Nesta edição, o Mais! traça um panorama dos avanços e obstáculos nessas disciplinas para a construção de uma máquina capaz de replicar os processos mentais.
Na busca das fontes do pensamento, futuro e passado se encontram. Na "década do cérebro", como já se caracterizaram os anos 90, um confronto com as idéias do filósofo René Descartes (1596-1650) torna-se necessário. Foi ele quem estabeleceu na era moderna a primazia da razão no processo de conhecimento.
Quando se comemoram os 400 anos do nascimento de Descartes -no dia 31-, uma biografia, por Geneviève Rodis-Lewis, reconstitui a gênese do cartesianismo.
O neurobiólogo português Antonio Damasio, por sua vez, aponta os equívocos do filósofo e defende a importância das emoções em "O Erro de Descartes", best seller científico nos EUA que será lançado no mês que vem no Brasil.
(CÁSSIO STARLING CARLOS e HELIO GUROVITZ)

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