São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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"O amor é absolutamente antinatural"

JOÃO SILVÉRIO TREVISAN
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Eu não tenho definição fechada para o que é o amor. Alguém pode ter cinco minutos de amor enquanto transa. Acabada a transa, acabou o amor, até logo, vamos procurar outros cinco minutos de amor.
Duas pessoas que têm uma atração extrema pelos seus corpos a ponto de tentarem se misturar, tentarem ser uma só contra a natureza, contra todos os conceitos possíveis da física. Eu acho que o amor é absolutamente antinatural.(...)
Eu arriscaria dizer que o judaísmo tem uma enorme responsabilidade sobre a questão da culpa ligada ao sexo. Eu sempre senti um certo estranhamento em relação à questão da circuncisão. Em primeiro lugar, é uma posição muito sábia, na medida em que é higiênica. Imagino que para os povos antigos isso era muito importante. Mas, do ponto de vista cultural, o que significa esse gesto? Alguns índios põem o beiço em relevo, outros o lóbulo, outros se pintam, outros cortam o rosto. Entre os judeus, o corte foi feito ali, no pênis. Na definição do que vai produzir a semente, não é? É uma marca brutalizadora muito grande no sentido de que sua estirpe é minha. É quase uma tomada de posse. Eu me pergunto então porque o corte foi feito ali. Eu dei um exemplo da questão da culpa porque a culpa na nossa cultura judaico-cristã está ligada à sexualidade e porque a obscenidade também está."

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