São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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"O obsceno diminui a dignidade humana"

HENRY SOBEL
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Carnaval, em latim, é a festa da carne, todos nós sabemos. É exibicionismo para fins de exibicionismo. Não quero parecer careta, não sou um rabino careta, sou um rabino prafrentex, sou liberal, mas o que incomoda é a licenciosidade. Incomoda o excesso de licenciosidade durante o Carnaval. Mulheres nuas exibindo seus corpos perante milhões de espectadores não tem nada a ver com o amor e, portanto, desumaniza o sexo e degrada a dignidade humana. Obsceno é tudo o que diminui a dignidade humana.(...)
Eu quero voltar ao tema do Carnaval. Durante a semana do Carnaval, o governo federal, falando oficialmente sobre a necessidade do uso de preservativos -algo que eu apóio incondicionalmente pelo dever moral de conscientizar a população sobre o perigo da Aids, algo que eu apóio moralmente, religiosamente, humanamente, judaicamente-, usou um slogan que me chamou a atenção, algo muito obsceno.
Palavras assim, 'use camisinha se quiser entrar em mim'. Isso é vulgar. A cultura judaica não é puritana, nem os rabinos com quem eu me dou são puritanos, mas palavras obscenas como essas mexem. Mexem com a cabeça dos jovens, mexem com a cabeça dos pais, mexem com a sociedade, a meu ver, obscenamente".

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