São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Gene age contra os erros

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Para que o organismo funcione perfeitamente, sua aparelhagem genética deve estar igualmente perfeita.
Essa perfeição genética tem um guardião, o gene supressor de tumores p53, que contribui para corrigir os erros e defeitos do ácido desoxirribonucléico (DNA), a matéria-prima dos genes.
Quando a célula fica sujeita a traumatismos que ameaçam ou lesam o DNA, o p53, por intermédio de outro gene, o p21, imediatamente detém o ciclo celular temporariamente -o tempo necessário para os mecanismos de reparo corrigirem o defeito ou ressintetizarem o DNA ofendido.
Essa ação também se pode fazer pela morte programada ou apoptose da célula, que consiste no desmonte sistemático da célula até a expulsão de seus resíduos. Tudo isso garante que a célula lesada não tenha tempo de passar seus defeitos à progênie.
Em "Science" (266, 1376) uma equipe do Instituto Nacional do Câncer (NCI), chefiada por Albert Fornace Jr., comunica que o p53 pode desempenhar outras funções, além da parada do ciclo.
Essas funções são exercidas mediante outro gene, o GADD45, e consistem no reparo das lesões produzidas.
Fornace descobriu que o GADD é ativado em células expostas a tensões que param o ciclo celular e causam lesão no DNA. Entre essas tensões ativadoras do GADD45 figura a exposição à radiação ionizante, que também estimula a proteína gerada pelo p53.
Diante dessas observações, Fornace resolveu investigar se a proteína p53 ativa o GADD45 e verificou que assim de fato acontece.
Para tanto, estudou minuciosamente o comportamento de várias proteínas sujeitas à radiação ionizante.
Nesse estudo, verificou que o GADD participa dos reparos de excisão.
Atualmente há muito interesse pela ação do p53 em genes e no reparo do DNA. Para avaliar a importância do p53 no organismo basta lembrar que ele participa de 50% dos cânceres humanos por meio de suas mutações.

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