São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Lee Teng-hui quer ser o "Gorbatchov" de Taiwan

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL

Lee Teng-hui, candidato favorito nas eleições presidenciais, quer entrar para a história como o "Gorbatchov" de Taiwan, responsável pela democratização da ilha após décadas de ditadura.
Para seus adversários domésticos, Lee busca perpetuar o domínio do seu partido, o Kuomintang.
Os adversários do outro lado do estreito de Taiwan acusam-no de implementar um plano secreto que busca levar a ilha à independência.
Lee Teng-hui, 73, chegou ao poder em 1988, depois da morte do presidente Chiang Ching-kuo, o filho de Chiang Kai-shek. Em 1990, a Assembléia Nacional, em eleição indireta, consagrou a manutenção de Lee Teng-hui no poder, e ele se tornou o primeiro líder do país nascido na ilha de Taiwan.
As reformas democratizantes começaram com o fim da lei marcial em 1987, em uma decisão do então presidente Chiang Ching-kuo. Em 1991, Lee Teng-hui removeu as leis de "mobilização nacional para reprimir a rebelião comunista".
A democratização lenta acompanhava a acelerada transformação do país em um "tigre asiático".
Em 1980, o país comemorava o fato de a renda per capita ter ultrapassado a barreira dos USŸ 2.000. Atualmente, a cifra flutua na casa dos USŸ 11 mil.
O sucesso econômico levou Lee a tentar aumentar a participação de Taiwan no cenário internacional, rompendo o isolamento diplomático imposto por Pequim.
Reconhecimento Em junho passado, Lee Teng-hui viajou aos EUA e argumentou que se tratava de uma viagem de "caráter privado". Mas Pequim interpretou a visita como parte de sua estratégia para conseguir o reconhecimento diplomático e levar a ilha à independência.
Ele também busca recuperar para Taiwan uma cadeira na ONU, que perdeu em 1971, quando a China comunista conquistou reconhecimento internacional.
Lee Teng-hui celebrizou seu sorriso fácil e um gosto pelo contato direto com os eleitores. Fez uma campanha baseada em viagens pela ilha e no uso da poderosa máquina eleitoral do Kuomintang.
Seus adversários políticos o acusam de corrupção e adesão ao Partido Comunista na juventude. Lee Teng-hui rechaçou os ataques e acelerou a campanha.

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