São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
Texto Anterior | Índice

Fundo perdido; Sufocamento; Anulação de conquistas; Movimento estapafúrdio; Papel da imprensa; Concentração de terras; Omissão; Esporte; Explicação cristalina

Fundo perdido
"É escandaloso o aporte de recursos do Tesouro para o Banco do Brasil quando se sabe que essa quantia não ficará no banco nem reverterá em empréstimos para as micro e pequenas empresas gerarem empregos, mas apenas servirá ao mesmo grupo de beneficiários de sempre, o grande empresário rural e os usineiros, acostumados a tomar recursos públicos e não pagar nem em dia nem fora de dia."
Pedro Afonso Gomes (São Paulo, SP)

Sufocamento
"O micro e pequeno empresário estão fechando as portas, sufocados com a sobrecarga tributária superior à sua capacidade contributiva. Alguns venderam parte de seu patrimônio para não falir.
Os governantes continuam insensíveis ao clamor e manifestações das entidades patronais e empresariais pela reforma tributária e ajuste fiscal. As consequências aí estão: falências e desemprego. O empresariado necessita de reformas, já!"
Getúlio Ary Artigas (São Paulo, SP)

Anulação de conquistas
"Os sindicalistas da chamada Força Sindical propõem-se a anular as conquistas dos servidores públicos referentes à aposentadoria. Querem retirar de alguns o que deveria ser direito de todos.
Por que não lutam para que a aposentadoria dos trabalhadores seja integral e móvel com os dissídios coletivos das categorias às quais pertencem em vez de seus reajustes serem ditados pelo governo?
Só o ódio à CUT e o peleguismo explicam sua postura!"
Paulo Vargas (Taubaté, SP)
*
"Sobre mudanças na Previdência, alterações no FGTS, CLT, Constituição e registro sem encargos para empresas: não concordo com esse tremendo engodo que está sendo preparado para os sindicalistas e trabalhadores que aparentemente também estão jogando fora muitos anos de luta para conseguir algum mínimo que garanta um pouco a sobrevivência do trabalhador.
Agora surgiram os defensores da não-lei ou do escravismo, frango com abóbora. Somos já mais de 40 milhões de sem-nada, miseráveis; estão querendo transformar o Brasil na última colônia de mortos-vivos do mundo, onde não há direito nem leis.
Oscar Fernandes Filho (São Paulo, SP)
*
"Engels, no século passado, já apontava a formação na Inglaterra de uma aristocracia operária desligada dos problemas dos obreiros ingleses. É o caso desse moço, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Um líder dos trabalhadores que acorda com os patrões a retirada de conquistas dos mesmos sob a desculpa de atender aos desempregados e aumentar o nível de emprego é o maior caradurismo do peleguismo militante.
E os rapazes patrões, a começar pelo bom-mocismo do seu colunista de plantão aos domingos -o sr. Antonio Ermírio de Moraes-, aprovam a idéia."
Luciano Cardoso Campos (São Paulo, SP)

Movimento estapafúrdio
"Venho manifestar-me contra o movimento estapafúrdio em torno das Mamonas que viraram óleo de rícino.
Inúmeras pessoas morrem todos os dias. Acaso serão elas lamuriadas em tão alta voz quanto a matéria-prima do óleo?
Não, afinal de contas, o 'bipé' da República, o pão e o circo, é sustentado pelo real (que aumenta o pão) e pelos animadores de Brasília, que juntamente com o Falcão impediram o baixar das cortinas.
Os cordeirinhos (contribuições) continuam trilhando o trágico fim do matadouro (INSS), que sustenta um bando de aves de rapina, com aposentadorias girando em torno de R$ 10 mil, enquanto os pequenos beija-flores subsistem com seus miseráveis R$ 100.
Um povo que se espelha em débeis mentais, vitimados por sanguessugas, acaso poderá vir a ser uma grande nação?"
Omar Ferreira Miguel (Uberlândia, MG)

Papel da imprensa
"Nunca será demais relembrar os tristes episódios de reportagens que marcaram investigações como 'o crime da rua Cuba' ou 'o caso da Escola Base', cujas sequelas morais às suas vítimas (dentre elas os leitores) jamais serão sanadas.
E, uma vez que a Folha já se propôs a pôr em negrito o seu nome (num exercício cabal de narcisismo institucional), seria ao menos discutível a idéia de destacar, de alguma forma, palavras como 'acusado' ou 'suspeito', numa tentativa de ressaltar a significação de termos que, numa leitura atenta, têm o seu sentido alterado."
Luís Fernando Oga (São Roque, SP)

Concentração de terras
"Não acreditamos que o problema central da estrutura fundiária brasileira resida nas terras em mãos da Igreja.
Esse problema está centrado na alta concentração das terras e na destinação que se dá à propriedade agrícola. É inadmissível que 1% dos proprietários rurais detenha 43% das terras agrícolas, caracterizando a segunda maior concentração fundiária do mundo."
Egidio Brunetto, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra -MST (São Paulo, SP)

Omissão
"O artigo do secretário da Habitação de São Paulo na Folha de 11/3 omite dados fundamentais. São Paulo tem cerca de 300 mil domicílios em favelas e o prefeito entregou apenas 1.850 apartamentos do projeto Cingapura em três anos de gestão.
O Cingapura foi recusado como prática bem-sucedida pelo Comitê Preparatório do Habitat 2. Por outro lado, entre as 18 experiências selecionadas para representar o Brasil nessa conferência está o programa de mutirões de construção de casas populares, que o secretário vem mantendo paralisado."
Gutemberg Souza da Silva, mutirante, presidente da Associação Madre de Deus (São Paulo, SP)

Esporte
"O caderno Esporte, além de estar vindo quase que totalmente em preto-e-branco, foi novamente confinado no fim do caderno São Paulo/Cotidiano, o que me deixou muitíssimo triste."
Luiz Fernando Casciano Bindi (São Paulo, SP)
*
"Gostaria de fazer uma sugestão em relação ao caderno Esporte, que na antiga Folha era apresentado como caderno separado e que na nova Folha está vindo anexo ao caderno São Paulo, o qual é muito grande, dificultando, portanto, a leitura da parte esportiva."
Carlos Ezequiel Suarez Manzone (São Paulo, SP)

Explicação cristalina
"A crônica antológica 'BC e PC', escrita pelo intelectual -e também jornalista- Carlos Heitor Cony, explica, de forma cristalina, os motivos pelos quais os juros estão tão extorsivos, o governo tanto protege os banqueiros e o empenho em 'abafar' o escândalo da pasta cor-de-rosa.
Digno de menção, também, o artigo do filósofo cearense Gerardo de Mello Mourão sobre o IPC."
Reinhardt Loewe (Manaus, AM)

Texto Anterior: O golpe improvável
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.