São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Javali traz o sabor de caça à feijoada

Rubayat forma plantel no MS

BRUNO BLECHER
ENVIADO ESPECIAL A DOURADOS (MS)

A carne dos nobres vai fazer uma ponta na feijoada. O javali, prato predileto dos banquetes medievais, estréia amanhã nas três casas do restaurante Rubayat, em São Paulo.
"A idéia é tornar essa carne nobre mais conhecida para depois transformá-la em iguaria no cardápio. Ela tem um sabor especial, de carne de caça, que o porco já perdeu ", diz Belarmino Iglesias Filho, um dos sócios do Rubayat.
O javali, segundo ele, faz parte da linha "da fazenda ao prato", iniciada pelo grupo em 1970 com a carne brangus (cruzamento do bovino escocês aberdeen-angus com o nelore) e que já conta com o frango caipira (raça Label Rouge) e o "Baby-Pork".
"Todos eles são produtos diferenciados, desenvolvidos na fazenda Rubayat, em Dourados, com controle de origem e de qualidade, e manejo natural", diz Belarmino Iglesias.
O projeto "Baby Javali" começou há seis meses, quando Iglesias adquiriu três machos e 16 matrizes, além de animais em fase de recria, para iniciar o plantel.
"Para não comprar gato por lebre, adquirimos o primeiro lote da empresa Javalix, que representa em São Paulo o gaúcho Samuel Koppe, pioneiro na criação de javalis em cativeiro no Brasil", diz.
Selecionador da espécie desde 88 em Caxias do Sul (RS), Koppe desenvolveu uma linhagem pura, com biótipo silvestre.
"Muitos restaurantes no Brasil, que dizem trabalhar com javali, servem carne de 'javaporco', resultado do cruzamento entre o javali e a porca", alerta Luís Noronha, da Javalix.
Koppe concorda com Noronha e acrescenta que o cruzamento do javali com o porco é proibido na Europa, como forma de garantir a origem da carne.
"O javaporco tem sabor estranho. Não é uma coisa nem outra", diz Koppe.
Manejo A fazenda Rubayat pretende produzir 900 quilos de carne mensais, com o abate de cerca de 40 animais.
Como se trata de um animal silvestre, o manejo do javali é simples.
O período de gestação da javalina é de 132 dias. Nascem entre cinco e oito filhotes por parto, desmamados aos 40 dias.
Após a desmama, os javalis são criados soltos no pasto, em grupos de 50, em piquetes cercados de 2.500 m2.
A alimentação é complementada com ração balanceada, à base de milho e farelos de soja, trigo e aveia, e complexos vitamínicos.
O abate se dá entre 90 e 100 dias, quando o animal atinge 40 quilos. O rendimento da carcaça é de 55%.
"Quanto menor a intervenção no manejo, melhor", diz Iglesias. "É só preciso ter cuidado na lida com o reprodutor, que é um bicho perigoso."

Os jornalistas Bruno Blecher e Cláudio Edinger viajaram a Dourados a convite do Rubayat.

Onde saber mais - Rubayat, tel. (011) 289-6366; Javalix, tel. (011) 573-2206.

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