São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Paes culpa PMDB paulista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), identificou ontem mais um motivo para a sua derrota na convenção nacional do partido: a ausência de 57 dos 90 convencionais de São Paulo, entre eles o ex-governador Orestes Quércia.
Paes avalia que o principal motivo da derrota foi a articulação dos nove governadores e dos parlamentares aliados ao governo.
Mas lembrou que os votos dos convencionais paulistas teriam garantido o quórum na convenção.
"Faltaram 24 votos. Se eles tivessem vindo, nós aprovaríamos toda a pauta", afirmou Paes.
O quórum era de 357 convencionais. Compareceram apenas 333, de um total de 712.
Na véspera da convenção, Paes afirmava que teria a presença dos 90 convencionais de São Paulo.
Paes preferiu atacar os governadores, principalmente Antônio Britto (RS), considerado por ele o líder da articulação pelo esvaziamento da convenção.
Perguntado sobre a atuação do governador, comentou: "Não sei se ele ainda está no PMDB, se está de malas arrumadas para ir para o PSDB. Parece mais que o governador está em trânsito".
Mas acrescentou que não guarda mágoas: "O Britto está no papel dele. Está aderindo, dependendo do governo".
Anteontem, diante das mesmas acusações, Britto disse à Folha que ele, sozinho, não teria condições de boicotar a convenção do partido. E negou que tenha interesse em sair do partido.
O presidente do PMDB disse que os governadores não compareceram porque tiveram medo de enfrentá-lo: "Não tinham força para me derrotar. Foi o pavor do debate, o pavor da decisão. Foi um gesto antidemocrático".
Paes garante que o partido não vai rachar nem perder parlamentares. "Essa luta interna é a característica maior do PMDB. Se o partido não rachou ontem, não racha hoje. O partido tem projeto de poder. Terá candidato a presidente da República."
Perguntado se não teme uma mobilização dos governistas para enquadrá-lo, disse: "No PMDB, não tem ninguém em condição moral e política para me enquadrar. Eu estou enquadrado ao programa do partido".
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, negou ontem que o presidente Fernando Henrique Cardoso tenha contribuído para esvaziar a convenção. Disse que o presidente não tinha qualquer avaliação sobre o resultado.

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