São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Só 33% das casas do MA têm geladeira

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A análise dos dados da posse de bens duráveis no país confirma as diferenças de distribuição de renda e a disparidade de consumo entre Nordeste e Sul.
Com os dados da PNAD - 1993 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a Folha calculou o número de bens por casa em cada um dos Estados. O Maranhão obteve os piores índices.
Só 33% do 1 milhão de domicílios existentes no Maranhão têm geladeira. Nos itens rádio e televisão, o Estado também apresentou os piores desempenhos (54% e 37%).
Romualdo Henrique de Oliveira, 45, chefe da Assessoria de Planejamento do Maranhão, não se surpreende com os indicadores, porque o Estado tem uma das mais baixas rendas per capita do país.
Segundo Oliveira, a renda de cada maranhense em 1991 ficou em US$ 1.036, abaixo da média do Nordeste, de US$ 1.358.
No item rádio, a liderança dos domicílios ficou com o Rio Grande do Sul, com 95%, seguido pelo Rio de Janeiro, com 93%.
TV foi um bem durável encontrado em 91% das casas em São Paulo e no Rio. Na outra ponta da pirâmide, além do Maranhão, as piores marcas foram apuradas em Tocantins (40%) e no Piauí (44%).
O presidente da Eletros (entidade que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos), Roberto Macedo, credita o baixo consumo desses produtos a três fatores.
"Há uma combinação da baixa densidade demográfica associada aos problemas da transmissão de sinais de TV e rádio, além da dificuldade de comercialização e financiamento", afirma.
A Philips do Brasil, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que a distribuição de renda e da rede de energia elétrica são determinantes para o baixo consumo em alguns Estados do Nordeste.
Segundo a empresa, existe diferença nas alíquotas de ICMS entre os Estados, mas isso não afeta o preço dos produtos a ponto de inibir o consumo.
Entre os produtos da chamada "linha branca", Santa Catarina apareceu em primeiro lugar na posse de máquina de lavar roupas, com 50%; seguida pelo Rio Grande do Sul, com 37%.
O Piauí, com uma máquina de lavar roupas para cada 289 pessoas, foi o último colocado.
Marco Aurélio Martinelli, 48, gerente de marketing da Refripar -que fabrica geladeira, freezer e máquina de lavar roupas Prosdócimo-, ressalva que, além do poder aquisitivo, os hábitos de consumo têm de ser levados em conta.
"Freezers são mais consumidos na região Sul. No Norte e Nordeste, o poder aquisitivo é muito baixo e, antes de comprar um refrigerador, as pessoas têm de sobreviver", diz.

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