São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Brasil tem 8 linhas telefônicas para cada 100 habitantes

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisa divulgada pelo IBGE mostra que a telefonia é privilégio da elite no Brasil: apenas 19,8% das famílias têm telefone residencial.
O Ministério das Comunicações já havia chegado a esta constatação no documento "As telecomunicações e o futuro do Brasil", entregue ao Congresso no ano passado.
O país exibe um dos piores indicadores do mundo em matéria de disseminação da telefonia: a proporção é de apenas 8 telefones por grupos de 100 habitantes.
Este é o dado médio do país porque há regiões com indicadores muito piores. Enquanto o Distrito Federal tem 21 telefones por 100 habitantes, o Piauí tem 2,54 e o Maranhão, só 1,92.
Outro agravante: 80% das linhas residenciais estão nas chamadas classes A e B. A classe A é formada por 1,29 milhão de famílias com renda mensal superior a US$ 3 mil e tem 2,58 milhões de telefones.
Metade das linhas está com a classe B (renda mensal entre US$ 2 mil e US$ 3 mil): são 3,8 milhões de residências e 4 milhões com linhas.
Para as outras 27 milhões de famílias que compõem a base da pirâmide social, o sistema dispõe de apenas 1,58 milhão de telefones.
Monopólio O governo preparou o estudo para convencer os congressistas de que era preciso quebrar o monopólio estatal das telecomunicações. O documento reconhece que as telefônicas estatais não conseguiram democratizar a telefonia.
O Brasil ocupa o 42º lugar no mundo em número de telefones por habitante. O primeiro colocado é a Suécia, com 70 telefones por 100 habitantes. Nos EUA, a proporção é de 58,7.
Com oito linhas por 100 habitantes, o país está mal também na América Latina (é o 10º colocado). Porto Rico tem 27,34 telefones por 100 habitantes; o Uruguai tem 19,96 e a Argentina, 17.
Segundo o Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento das Telecomunicações (IBDT), 98% das propriedades rurais e 46,7% dos estabelecimentos comerciais não têm telefone.
No final do ano passado, o governo anunciou um plano de expansão das telecomunicações que prevê investimentos de US$ 74 bilhões até o final do ano 2002.
A previsão leva em conta os investimentos privados previstos com a quebra do monopólio estatal das telecomunicações, mas o Congresso Nacional ainda não aprovou a lei que autoriza o Executivo a leiloar concessões.
A meta para o final do governo Fernando Henrique Cardoso é instalar 8 milhões de linhas. Isso significa que a rede telefônica, que hoje é de 11 milhões de linhas (comerciais e residenciais), subiria para 19 milhões em dezembro de 98.
Mesmo por este plano, os que estão na base da pirâmide social continuarão sem telefone próprio nos próximos sete anos.

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