São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996 |
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Europa veta a carne do Reino Unido Rebanho será preservado IGOR GIELOW
A medida vale para todo o mundo, ou seja, todos os países para quem o Reino Unido exporta sob as regras e chancelas da UE. "Isso precisa ser revisto", disse o premiê britânico, John Major. A decisão visa evitar o consumo de produtos contaminados pela "doença da vaca louca", mal que degenera o sistema nervoso dos animais até a morte. O Reino Unido admitiu que dez casos de uma variante da doença em humanos podem ter sido causados por carne infectada. A decisão, anunciada em Bruxelas (Bélgica) pela Comissão de Agricultura da UE, foi tomada por representantes de 14 países. Os países da UE são responsáveis pela compra US$ 730 milhões dos US$ 830 milhões em carne bovina que o Reino Unido exporta todos os anos. O mercado movimenta cerca de US$ 6 bilhões no país e emprega mais de 35 mil pessoas. Credibilidade Foi o maior golpe contra a credibilidade do governo britânico na área de saúde pública nesta década. À tarde, antes do anúncio da UE, o secretário de Saúde, Stephen Dorrell, foi ao Parlamento tentar explicar a posição do governo. Na semana passada, o país admitiu pela primeira vez que pode haver ligação entre a encefalopatia espongiforme bovina, ou "doença da vaca louca", e a CJD (sigla inglesa para a doença de Creutzfeldt-Jakob). Desde então, 25 países baniram a importação da carne britânica. Era esperado o anúncio do abate de parte ou de todo o rebanho de 11 milhões de cabeças, o que implicaria custos de até US$ 32 bilhões. Dorrell descartou o abate e tentou abafar a crise dizendo que novos estudos mostravam que as crianças não são mais vulneráveis à doença que os adultos. "O risco faz parte de toda a atividade humana", afirmou. Não deu certo, e a tirada provocou a ira da oposição trabalhista. "O senhor apenas demonstra a incompetência total do governo", disse uma ministra paralela da oposição de Dorrell, Harriet Harman. "A senhora desrespeita o país", disse o secretário. Desespero Os criadores vêem o preço da carne cair. "Estamos desapontados, desesperados", disse à Folha Tony Pexton, diretor-adjunto da União Nacional dos Fazendeiros. Na rede de lojas Sainsbury's, o preço da carne despencou até 70%. Depois do McDonald's, as redes de fast-food Burger King e Wimpy decidiram banir a carne britânica. Em ordem decrescente, são as três maiores cadeias do ramo no Reino Unido. A decisão do Burger King e do Wimpy veio um dia depois da do McDonald's e todas as redes aguardam estoques importados. Texto Anterior: Justiça dos EUA decide se inglês vai ser língua oficial Próximo Texto: Alemanha tem caso suspeito Índice |
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