São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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CENÁRIO MELANCÓLICO

O fiasco da Convenção do PMDB revela o estado virtualmente terminal daquele que ainda é o maior partido brasileiro. Estado terminal, aliás, é uma expressão empregada por um peemedebista, o ministro da Justiça, Nelson Jobim. O ministro acha que o PMDB, por ter-se transformado em uma confederação de interesses regionais, não terá longa sobrevida.
Jobim está sendo até condescendente na sua avaliação. O PMDB é hoje uma confederação de interesses pessoais. Suas lideranças vêem no partido apenas o meio, exigido pela lei, para registrarem suas candidaturas a cada eleição. Nada mais os une.
Estivesse apenas o PMDB em crise, o dano para o jogo político seria limitado. O problema é que a crise é generalizada. Para demonstrar o alastramento da anemia dos partidos, basta citar a cidade de São Paulo.
Trata-se da maior cidade do país, do terceiro Orçamento da República e faltam apenas seis meses para o pleito. No entanto, só um partido (o PT) tem candidato até agora. Os quatro maiores partidos patinam em busca de nomes, enquanto um nome (Francisco Rossi) passeia acima dos partidos, pronto a ser candidato do que lhe parecer mais conveniente.
Enquanto isso, o prefeito Paulo Maluf (PPB) dá uma insuportável demonstração de caciquismo político, com sua ameaça de aumentar as tarifas de ônibus se o governo federal não cumprir a promessa de federalizar a dívida municipal. Age com o desplante dos velhos coronéis.
Tudo somado fica evidente que, 11 anos depois de restabelecida a democracia, a realidade política mostra um cenário melancólico, para usar a mais suave das expressões.

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