São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Mais rapinagem no BB

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Ainda não terminou a novela de rapinagem no Banco do Brasil, que gerou o maior prejuízo anual de um banco na história mundial -R$ 4,2 bilhões em 95.
Cresce dentro do Congresso, entre os parlamentares ruralistas, a idéia de aumentar a chamada securitização das dívidas agrícolas.
Recentemente, o governo aprovou a securitização de dívidas de agricultores no valor máximo individual de R$ 200 mil. Os devedores caloteiros receberam condições favoráveis de pagamento: juro de 3% ao ano, mais a variação do preço mínimo do produto e cinco anos de prazo.
O valor total dessas dívidas é de aproximadamente R$ 7 bilhões. Era um dinheiro que o Banco do Brasil havia emprestado e que os devedores não pagavam. Foi um prêmio ao calote.
A idéia, agora, é aumentar o limite de R$ 200 mil para securitização. Há quem defenda um aumento para dívidas até R$ 400 mil. Os mais radicais não querem limite.
"São os agricultores que produzem em larga escala os que devem mais de R$ 200 mil. Sem solucionar isso, o problema vem na safra, mais adiante", diz o deputado federal Hugo Biehl (PPB-SC), um dos líderes ruralistas no Congresso.
A senha de que o assunto será discutido em breve é a indicação do deputado Abelardo Lupion (PFL-PR) como relator da Medida Provisória do Banco do Brasil. Lupion é o atual presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, o lobby organizado dos ruralistas.
A MP do Banco do Brasil é que vai autorizar o aporte de R$ 8 bilhões na instituição. Já está sendo chamada de Proer do B, numa referência ao programa de auxílio aos bancos privados.
Essa nova pressão dos ruralistas é mais uma prova para o governo FHC. O presidente terá a chance, mais uma vez, de explicar que não governa fazendo concessões.

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