São Paulo, quarta-feira, 27 de março de 1996
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Aliados buscam acordo sobre fim da estabilidade

GABRIELA WOLTHERS; ELZA PIRES DE CAMPOS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso entrou em ação ontem para tentar resolver o impasse dos partidos da base governista com relação à quebra da estabilidade do servidor público.
O relator da reforma administrativa, deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), se reuniu com FHC no Palácio do Planalto.
"Falei para o presidente da necessidade de se iniciar o processo de votação da reforma amanhã (hoje) e que isso só será possível se os líderes chegarem a um acordo", disse Franco.
FHC, segundo o deputado, se comprometeu a entrar em contato com as lideranças governistas. Até o início da noite, no entanto, o acordo não havia sido firmado.
Como última tentativa, o líder do governo na Câmara, deputado Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), marcou para ontem à noite uma reunião com todos os líderes dos partidos que apóiam o governo -PFL, PMDB, PSDB, PTB e PPB.
Antes, o ministro da Administração, Luiz Carlos Bresser Pereira, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), e o líder do PSDB, deputado José Aníbal (SP), se reuniram com o ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho.
O objetivo era redigir proposta de texto constitucional referente à quebra de estabilidade do servidor. Até as 19h, o encontro não havia terminado.
O principal ponto de conflito é com relação ao dispositivo que permite a demissão de servidores públicos por "excesso de quadro".
O PFL defende que a demissão só atinja os funcionários que não tenham obtido a estabilidade até a data da promulgação da emenda.
Já o PSDB defende que União, Estados e municípios possam demitir funcionários estáveis caso tenham ultrapassado o limite de 60% de suas receitas com o pagamento da folha de salários.
Esse limite foi aprovado pelo Congresso no final do ano passado.
A lei dá um prazo de três anos, a partir deste ano, para que os governos consigam diminuir seus gastos, até chegar a 60% em 1999.
Ela afirma que os governos que gastam mais do que 60% das receitas com funcionalismo serão obrigados, a cada ano, a diminuir 1/3 do excedente.
Isto significa que o Estado que hoje gasta, por exemplo, 90% da receita com funcionalismo será obrigado a diminuir, no ano de 96, 10% de sua folha de salário.
A lei diz ainda que, se o limite for descumprido, ficarão vedadas, até que a situação se regularize, "quaisquer revisões, reajustes ou adequações de remuneração".
Segundo acordo fechado pela base governista em 1995, os governos teriam que, primeiro, demitir funcionários não-concursados e não-estáveis dos setores em que for constatado excesso de quadro. Só depois dessas demissões é que os estáveis seriam atingidos.
(GABRIELA WOLTHERS e ELZA PIRES DE CAMPOS)

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