| São Paulo, quarta-feira, 27 de março de 1996 |
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"Agricultura vai sair da crise"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, disse que o governo vai retirar a concentração dos financiamentos do setor agrícola do Banco do Brasil."A idéia é ter cada vez menos a aquisição direta e intervenção física do governo na compra", disse o secretário à Folha. Para isto, a área econômica já está discutindo com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a criação do mercado de avais. Veja a seguir os principais trechos da entrevista: * Folha - Quais são as perspectivas da agricultura para este ano? José Roberto Mendonça de Barros - Do ponto de vista macroeconômico, a grande relação da agricultura e do Plano Real é a volta à normalidade. Imaginamos primeiro um aumento significativo da renda na agricultura, com impacto nas relações comerciais e queda da inadimplência no interior. A agricultura foi a primeira a mergulhar numa situação difícil, mas será a primeira a sair. Folha - Mas há alguma expectativa de pressão sobre preços? Mendonça de Barros - O efeito sobre preços da safra já foi internalizado na sua maioria. Portanto, não se pode dizer que haverá choque de preços no horizonte. Folha - Aquela situação da agricultura ajudar a embalar o Plano já não existe mais? Mendonça de Barros - E é bom que não exista. Porque nós estamos falando hoje de uma inflação entre 10% e 15%. Não temos nenhum interesse em ver alguém se descapitalizar para baixar a inflação, que já está de ótimo tamanho. O desafio do plano agora é que a inflação se mantenha baixa. E para tanto, temos que avançar, em particular, a questão fiscal. Folha - Com relação ao crédito, vai ter alguma mudança de cenário? Mendonça de Barros - A idéia é ter cada vez menos a aquisição direta e intervenção física do governo na compra. Queremos mudar o sistema, transferindo o manejo do crédito, riscos e instrumentos para o sistema como um todo e não especificamente em cima do BB. Folha - Mas o que já está em estudo? Mendonça de Barros - Tem uma idéia que estamos discutindo com o BNDES que é desenvolver o mercado de avais, de garantia. Em vez de ter o banco público entrando com o dinheiro, queremos negociar o aval, que reduz o custo, e o produtor vai no mercado e toma o dinheiro. Texto Anterior: "Âncora verde acabou" Próximo Texto: Mercado depende de acordo Índice |
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