São Paulo, quarta-feira, 27 de março de 1996
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Não há como deter doença, diz secretário

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O secretário da Saúde de Pernambuco, Jarbas Barbosa, disse ontem em Recife (PE) que "não há remédio específico" para tratar dos ex-pacientes do IDR (Instituto de Doenças Renais) de Caruaru (PE) intoxicados durante hemodiálise.
Os doentes são portadores de hepatite tóxica, problema caracterizado por lesões no fígado provocadas, segundo Barbosa, por algum tipo de produto químico.
"Não há terapia para deter o processo", afirmou o secretário. Segundo ele, os procedimentos médicos se limitam "a dar suporte aos sistemas vitais dos pacientes, para que eles próprios tentem recuperar o dano feito".
126 intoxicados
Barbosa disse que, em princípio, todos os 126 ex-pacientes do IDR foram intoxicados, em maior ou menor grau. Desses, 27 já morreram e 31 estão internados em hospitais de Recife e Caruaru.
O grau de mortalidade da hepatite tóxica varia, segundo o secretário, conforme o tipo de substância que provocou a doença, as reações e o comprometimento do organismo de cada um.
A contaminação teria ocorrido entre 13 e 17 de fevereiro, e ontem, 36 dias após a primeira morte por intoxicação, ninguém sabia ainda o que teria provocado o problema.
"A água usada naquele período, que conteria a substância tóxica, foi jogada fora pela clínica, e até agora os exames não revelaram o que era", disse o secretário.
Segundo ele, há possibilidade de a contaminação ter ocorrido no carro-pipa que abastecia o IDR, nos tanques de armazenamento do hospital ou por falha nos equipamentos de hemodiálise.
"Estamos procurando as pegadas, as impressões digitais, mas algumas substâncias não deixam sinais evidentes nas máquinas e no organismo, e outras, nenhum sinal."
CPI
Para o secretário, a demora na descoberta do que ocorreu no IDR está ligada diretamente às supostas falhas da direção do hospital, que não teria adotado os procedimentos corretos para o caso.
"Eles só nos avisaram dos problemas no dia 6 de março, e não nos alertaram que já haviam ocorrido 12 mortes", afirmou Barbosa ontem, em depoimento na primeira sessão da CPI instaurada pela Assembléia Legislativa.
Segundo Barbosa, o IDR deveria comunicar as mortes e colher material para análise. O hospital, no entanto, continuou a fazer hemodiálise até ser interditado.
O depoimento de Bezerra Filho na CPI está marcado para sexta-feira.
(FG)

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