São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
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Funcionários prometem fazer paralisação

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reuniões realizadas ontem no Rio de Janeiro e em Passos (MG), integrantes do Sindifurnas (Sindicato dos Empregados em Furnas) decidiram exigir, em manifestação marcada para as 9h desta manhã, na Eletrobrás, a divulgação da suposta causa real do blecaute.
"Os cerca de 25 mil funcionários do sistema Eletrobrás vão parar hoje e amanhã por duas horas", disse o diretor da Associação dos Servidores de Furnas, Aílton Arruda.
As paralisações acontecerão nas usinas e nos escritórios das empresas, mas não vão prejudicar o abastecimento de energia.
Os funcionários suspeitam que a divulgação da "falha humana" como causa tem como objetivo esvaziar as negociações sobre o dissídio coletivo assinado em dezembro, que se iniciam hoje, além de esconder a precariedade da manutenção.
Teste Segundo o presidente do Sindifurnas, Ataíde Vilela, um teste que simulou as condições de operação da usina hidrelétrica de Furnas, em Alpinópolis (MG), no momento do blecaute de terça-feira, mostrou que houve falha no equipamento denominado relé 50. A empresa nega (leia texto ao lado).
O papel do relé 50 era impedir o desligamento da usina por meio de uma operação corretiva realizada pelos computadores.
Isso acarretou o desligamento em sequência, ou cascata, de todas as usinas na região. O blecaute atingiu 20 milhões de pessoas.
O teste simulado foi feito às 23h da terça-feira. Um relatório sobre a simulação foi preparado pela hidrelétrica ontem e encaminhado à direção da empresa no Rio.
"A empresa está sendo sucateada, reduziram as horas extras para diminuir custos e, por causa disso, acabaram-se as manutenções dos finais de semana, quando o risco de blecaute é baixo", denunciou.
A causa seria o decreto 1410 (07/03/95), que determinou cortes de 10% nas despesas das estatais. Pelas normas internacionais, as manutenções de grande porte não podem ser feitas em operação a carga plena, como na terça.

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