São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
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IPC cai para 0,38% e surpreende a Fipe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação em São Paulo continua surpreendendo. Ao contrário das previsões, a taxa voltou a cair na terceira quadrissemana de março, recuando para os menores patamares desde julho de 1986, quando a economia vivia as amarras do congelamento do Plano Cruzado.
O aumento médio dos preços para os paulistanos nos 30 dias terminados em 23 de março foi de 0,38%, o mesmo registrado na terceira quadrissemana de fevereiro. Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Nova fase
Há quatro semanas a Fipe vem divulgando taxas de inflação próximas a 0,4%.
A inflação brasileira está entrando em novo estágio que confirma a tendência de taxas baixas, diz Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor.
As constantes reduções da taxa de inflação têm um responsável, segundo o economista da Fipe: os produtos oligopolizados. O aumento de preços das indústrias para o varejo está sendo pequeno.
Uma pressão menor de custos e dificuldades em repassar preços para os consumidores podem estar entre as causas da queda de pressão dos oligopolizados na inflação, afirma o economista.
Os produtos industrializados estão todos com variações inferiores à taxa de inflação. A pesquisa de preços da Fipe mostrou que, nos últimos 30 dias, o item fumo e bebidas teve queda de 0,04% nos preços, em média.
Medicamentos
Os remédios ficaram apenas 0,04% mais caros no período, taxa próxima do aumento de 0,05% dos artigos de limpeza.
Já os produtos de higiene e de beleza aumentaram 0,19%. Até os alimentos industrializados, que subiram 0,29%, perderam da inflação.
O coordenador do IPC da Fipe acredita que a estabilidade dos preços destes itens deve segurar a taxa de inflação em patamares bem comportados.
A queda da taxa se deve, ainda, à pressão menor de vários preços no setor de serviços. Os aluguéis, por exemplo, pela primeira vez no Plano Real tiveram reajustes abaixo de 2%. Serviços pessoais (0,92%) e médicos (0,64%) estão com taxas menores de aumento.
A queda da taxa de inflação em março se deve, ainda, ao setor de vestuário. Em média, os paulistanos pagaram 6% menos pelos produtos deste setor nos últimos 30 dias. A queda se deve não só às liquidações, normais neste período do ano, mas a outros ajustes no setor, como a concorrência externa.
Os alimentos também tiveram acentuada queda na taxa. O aumento médio foi de 0,16%, contra 0,42% na quadrissemana anterior. A queda nas taxas de reajustes no setor foi generalizada. Alimentação fora do domicílio, por exemplo, ficou em 0,37%, contra 0,78% na quadrissemana anterior.
Previsão
A taxa de inflação de março deve ficar em 0,5%, metade do 1% previsto inicialmente. A previsão para abril é um pouco mais complicada. Sem o previsto aumento de combustíveis, a taxa ficaria próxima a 0,7%. Se ocorrer o aumento no início do mês, no entanto, a taxa deve ficar entre 0,8% a 1%, prevê Heron.
As pressões de abril virão de vestuário -que vai interromper a queda e deve voltar a subir- e combustíveis. Só estes dois itens serão responsáveis por uma taxa de inflação de 1%.
A pressão destes itens, no entanto, será compensada pela saída do índice de luz, escola e telefone, que, juntos, responderam por 0,65 ponto percentual na taxa de março, segundo Heron.

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