São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
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'Kids britânico' retrata vida de jovens escoceses viciados

IGOR GIELOW
DE LONDRES

Jovens, drogas pesadas, sexo, Aids, morte e violência urbana sob uma lente quase documental.
"Kids"? Não, mas quase: é tudo isso transportado para a Escócia e vivido por garotos um pouco mais velhos, na faixa dos 20-25 anos.
Trata-se de "Trainspotting", segundo filme de Danny Boyle que arrecadou US$ 5,4 milhões desde o lançamento, no começo deste mês. É o maior sucesso do cinema no Reino Unido desde "Quatro Casamentos e um Funeral" (94).
Discurso
Mais do que retratar o cotidiano de um grupo de jovens de Edinburgo, Danny Boyle faz um discurso estético sobre essa geração.
Usa tomadas fragmentadas, com cortes abruptos, para contar as aventuras de Renton (Ewan McGregor) e seus amigos em forma de mosaico com muito humor.
O diretor também aplica psicodelismo, mas sem exagero e sempre com efeito (tragi)cômico.
O melhor exemplo é a sequência na qual Renton sofre abstinência de heroína. É um "delirium tremens" que deixa o espectador entre a angústia e a gargalhada.
Aids
O filme não julga este quadro decadente. Quando descobre que um dos amigos está morrendo de Aids, Renton é obrigado pelos pais a fazer o teste. Dá negativo. Ele comemora, mas não muda de hábitos.
O tratamento dado à Aids difere do apresentado em "Kids", que militava no campo da prevenção. Em "Trainspotting", há a constatação do problema, e só. E, como na vida, o hedonismo dos personagens fala mais alto: choram a morte do amigo, mas transam sem camisinha e compartilham seringas.
Os detalhes estéticos do filme viraram moda. "O mais legal é a roupa dos caras", disse o estudante Mark Stevenson, 22. "Trainspotting" estréia em julho nos EUA e, provavelmente, também no Brasil.

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