São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996 |
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NO LIMITE O blecaute que deixou cerca de 20 milhões de pessoas sem energia elétrica em vários Estados do país é, na verdade, apenas um sintoma da deterioração a que chegou toda a infra-estrutura no Brasil. O Estado, falido, simplesmente deixou de investir em infra-estrutura, limitando-se a manter, e ainda assim precariamente, o que já existia. Pior, o achatamento dos salários de servidores públicos e de algumas estatais levou a um rebaixamento da qualidade técnica do pessoal que pode estar por trás do alegado erro humano que teria provocado o blecaute. É evidente que erros humanos são inevitáveis e podem acontecer em qualquer lugar do mundo. Ocorre, porém, que, dependendo da qualidade dos equipamentos utilizados, as falhas humanas têm maior ou menor gravidade. A grande tragédia de Tchernobil, por exemplo, também ocasionada por um erro humano, jamais teria atingido as proporções que atingiu se a usina fosse mais moderna e, portanto, mais segura. É consensual a necessidade de investimentos na área de infra-estrutura, não apenas no setor elétrico como também na telefonia convencional e celular, na recuperação e construção de estradas e tantos outras áreas que hoje são em grande parte responsáveis pelo chamado "custo Brasil". É igualmente claro que o Estado não dispõe desses recursos e, mesmo que dispusesse, seria o menos indicado para administrá-los, dentro do conceito mais moderno de que o Estado deve ser enxuto. Essa tarefa deveria ser entregue à iniciativa privada, que tem o capital e a competência administrativa para sanear e ampliar a infra-estrutura nacional. É preciso que o Estado abra mão de seus monopólios e agilize, por meio de contratos de concessão e de privatizações, uma verdadeira reconstrução nacional. E é imperativo que o faça o quanto antes. Próximo Texto: UMA ÂNCORA A MENOS Índice |
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