São Paulo, sábado, 30 de março de 1996
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Matthew Modine brinca de caça ao tesouro

DA SUCURSAL DO RIO

O ator Matthew Modine, 43, passou por "situações desconfortáveis" durante as filmagens de "A Ilha da Garganta Cortada" (Cutthroat Island), que estréia no Brasil na próxima semana.
Nada relacionado com as cenas de perseguição e lutas ao estilo Indiana Jones que recheiam o filme -uma história de piratas em busca de um tesouro escondido.
"Trabalhar com um diretor que é casado com a atriz principal do filme é engraçado. Algumas vezes a situação é um pouco embaraçosa. Como nas cenas mais românticas, por exemplo", conta o ator, que está no Rio para lançar o filme.
"A Ilha da Garganta Cortada" é dirigido por Renny Harlin, marido de Geena Davis -a heroína Morgan Adams, uma pirata no melhor estilo dos bons tempos de Errol Flynn. Se as cenas românticas foram desconfortáveis, as perseguições e tombos foram mais fáceis.
"Foi como voltar à infância. Fui criado numa pequena cidade de Utah onde a maior diversão era arrumar confusão e correr riscos. Adorávamos jogar bolas de neve nos carros e depois fugir, sem pensar que poderíamos fazer o motorista perder a direção, bater numa árvore e morrer", relembra.
No filme, Modine é o ladrão William Shaw, um espertalhão que se aproxima de Morgan Adams e a ajuda na busca ao tesouro da ilha da Garganta Cortada.
"A Ilha da Garganta Cortada" foi o primeiro de uma série de projetos de filmes de capa e espada em andamento em Hollywood. Modine critica a estrutura de Hollywood por isso: quando um filme faz sucesso, vários outros seguem o filão.
"Agora estão pensando em refilmar 'Captain Blood' (que tinha Errol Flynn no papel principal) com Arnold Schwarzenegger. Nada contra Arnie, mas acho que a delicadeza dos golpes de esgrima de Flynn vai ser trocada por golpes mais incisivos", ironiza Modine, imitando Flynn e depois fingindo um golpe de Schwarzenegger que cortaria o inimigo ao meio.
A "moda" dos grandes estúdios agora, diz Modine, é fazer novos "Pulp Fiction". "Eles conhecem a fórmula mas não conseguem repetir o bolo. Não percebem que o fundamental é a criatividade de Tarantino. Adoro quando eles ficam frustrados", diz.
Modine também elogia os diretores Tim Robbins (de "Os Últimos Passos de Um Homem"), Mike Figgs (de "Despedida em Las Vegas") e Stanley Kubrick, com quem trabalhou em "Nascido Para Matar". "Eles têm o lampejo da criatividade que faz a diferença nos filmes", explica. Martin Scorsese é outro que, na avaliação de Modine, tem o "lampejo".
Modine pensa em dirigir um dos três roteiros que escreveu. "Rocky Horse Man" é a história de quatro adolescentes americanos que montam uma banda de rock na escola. Mas isso não significa deixar de lado a carreira de ator. "Mel Gibson tem razão. Todo diretor, na verdade, quer ser um ator", diz.

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