São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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Policial deve ter pena dura, diz secretário

4 são acusados de extorsão no Rio

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário da Segurança do Rio, Nilton Cerqueira, defendeu ontem um agravamento de 50% da pena para os policiais que cometerem crimes.
Sua afirmação foi motivada pela prisão em flagrante de quatro policiais -dois civis e dois militares-, acusados de sequestrar e extorquir um suposto traficante.
"Um policial que comete um crime é muito mais bandido que traficante", disse.
Cerqueira, deputado federal eleito pelo PP, disse que não apresentou a proposta no Congresso porque não teve tempo. Ele assumiu a secretaria da Segurança do Rio em maio do ano passado.
Quadrilha
Os quatro policiais envolvidos no caso podem fazer parte de uma quadrilha que se dedica a crimes de extorsão. O chefe da Polícia Civil, delegado Hélio Luz, disse que essa ligação "é possível" e está sendo investigada.
Luz afirmou que um dos policiais presos já foi acusado, em 91, de praticar extorsão, mas nada foi provado. Luz se referia ao detetive da DAS (Divisão Anti-Sequestro) Carlos Alberto de Araújo Veiga.
O delegado reclamou da "máquina emperrada" do Estado e de leis que acabam protegendo os maus policiais.
Na noite de sábado passado, em frente à DAS, foram presos Veiga e mais três policiais. Os quatro negaram o crime de extorsão. Eles deverão ser expulsos dos quadros da polícia civil e militar.
O corregedor da Polícia Civil, Manoel Vidal, disse que as provas do crime de extorsão são muito fortes. A corregedoria abriu ontem uma sindicância contra os dois policiais civis, que deverá estar concluída em dez dias.
Expulsão
No caso dos dois PMs, a Polícia Militar abriu um IPM (inquérito policial-militar), que tem 30 dias de prazo para conclusão.
Segundo Vidal, hoje a Secrearia de Estado da Administração já começa a estudar o processo de expulsão dos policiais acusados de extorsão.
Os detetives Veiga e Jorge Luís de Oliveira Valente, que estavam lotados na DAS, perderão também a gratificação salarial a que tinham direito por atos de bravura.

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