São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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O MOTIM DIA-A-DIA

Quinta-feira - Grupo de presos se rebela e faz cerca de 40 reféns, entre eles a cúpula do Judiciário e da Secretaria da Segurança e o diretor do presídio.
Polícia Militar isola o presídio. Leonardo Pareja usa o celular do juiz da Vara de Execuções Criminais, Stenka Isaac Neto, e diz que qualquer tentativa de invasão coloca em risco os reféns.
Formada uma comissão de quatro membros para negociar a liberação dos reféns. Negociadores saem e apresentam primeiras reivindicações: dois carros-fortes, coletes à prova de balas, fuzis e metralhadoras para a fuga.
Desembargador Homero Sabino, refém, pede que rezem por eles. A seu pedido, Pareja assume comando da negociação. Depois, anuncia que estão suspensas.

Sexta-feira - Chegam policiais federais para assumir as negociações. PM corta pela segunda vez energia do presídio, mas religa momentos depois.
Fotógrafos registram a retirada de um corpo enrolado em colchonetes de dentro do presídio.
Pareja, em entrevista, diz que garante a saída dos reféns desde que um grupo de 20 presos possa fugir. Ele diz que não fugirá.
Um dos reféns diz que há cinco reféns em cada cela, com pelo menos dez detentos e um botijão de gás preparado para explodir.
Iniciada a retirada de presos que não aderiram à rebelião.
Maria Helena Pinheiro é libertada, após ser trocada por quatro caixas de água mineral. Rebelados soltam Alzira Jayme e suspendem as negociações.

Sábado - Três presos fogem de madrugada da ala feminina do Centro Penitenciário, cavando um buraco sob o muro com a ajuda de cascas de cana.
Um dos reféns, o secretário da Segurança Pública de Goiás, Antônio Lorenzo Filho, critica a administração do presídio e elogia o líder dos presos, o sequestrador e assaltante Leonardo Pareja.
Lorenzo Filho afirma que Pareja é "um líder nato". "Ele tem controlado os reeducandos (presos) mais exaltados. Tem um papel fundamental", disse.
Durante a noite, depois de terem recebido dois carros, os presos liberam seis reféns -entre eles as três mulheres que estavam no Centro Penitenciário desde as 11h de quinta-feira, quando começou rebelião.

Domingo - PM decide transferir a maior parte dos 480 presos que não participam da rebelião para o estádio Serra Dourada.
Pareja completa 22 anos e envia bilhete pedindo dois bolos: um para ele e outro para o presidente do TJ, Homero Sabino, que completaria 66 anos segunda (ontem). Não foi atendido.
Pela manhã, Pareja faz cooper em um campo do Cepaigo e joga futebol com presos.
Do muro da penitenciária, o diretor do Cepaigo, Nicola Limonge Filho, refém, chora e pede o reinício das negociações.
Outros dois presos não-rebelados, transferidos para a ala de detentos em regime semi-aberto, conseguem fugir. Há troca de tiros, mas os policiais não conseguem evitar a fuga.

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