São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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Romário, novamente

JUCA KFOURI

O Baixinho está de volta. Prometendo e cumprindo. Ele anunciou que o jogo contra o Olaria marcaria o começo de sua caminhada em direção a Atlanta. E cumpriu. Marcou cinco gols, três bem ao estilo daqueles que o consagraram na Copa dos Estados Unidos.
Romário não é um exemplo como profissional. Seus altos e baixos, seu temperamento difícil e sua sinceridade nua e crua fazem dele um jogador problemático em qualquer grupo.
Mas ainda tem tudo para ser o melhor atacante do mundo. Seu reinado dentro da área pode não ter acabado, o que o tornará um problema maior para seus marcadores.
Romário nunca facilitou a vida de Zagallo, ao contrário. E mais uma vez pode se transformar numa espinhosa questão para o vitorioso treinador. Como deixá-lo de fora da seleção se, de fato, o Baixinho desembestar a fazer gols?
Já não basta a dúvida que envolve Bebeto, Rivaldo, Túlio, a pressão por Marcelinho, todos com mais de 23 anos? E agora, Romário?
Não é fácil estar na pele de Zagallo. Definitivamente. Mas é muito melhor que estar no lugar de todos os outros técnicos do mundo, que jamais têm dúvidas tão cruéis, porque nunca têm tanta quantidade com tamanha qualidade.
Bem-vindo ao mundo da bola, Baixinho. Os Estados Unidos sabem do que você é capaz.
*
Muller fez uma revelação histórica no último "Cartão Verde". Pela primeira vez ele explicou o que de fato houve no tão comentado bate-boca que teve com Parreira ao final da jogo contra os Estados Unidos, na Copa de 1994. À época, até leitor de lábios foi contratado para desvendar o mistério e a conclusão, falsa, sabe-se agora, foi a de que Muller protestava por não estar jogando.
Na verdade, o atacante palmeirense diz que discussão houve foi com Branco, que não aceitou o abraço de Parreira quando o jogo acabou. Leonardo fôra expulso e Branco, seu substituto, não entrou.
O lateral protestou com o técnico, Muller viu a cena e chamou a atenção de Parreira, dizendo. "Você precisa se impor, ele não pode reclamar assim."
Depois, foi o que se viu. Branco entrou como titular contra a Holanda, jogou muito bem e ainda marcou, de falta, o gol da vitória.
A História agradece a Muller. Duplamente.

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