São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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Abastecimento clandestino; Darcy Ribeiro; Leitura difícil; Garoto Bombril; Dia errado; Saco preto; Trabalho escravo

Abastecimento clandestino
"Com chamada de primeira página e extensa reportagem, a Folha trouxe ao conhecimento público o alarmante fato do abastecimento clandestino de carne bovina que prevalece no fornecimento de São Paulo e em quase todo o Brasil.
O fato é alarmante e posso atestar como médico, inclusive, que a saúde pública é tremendamente afetada pelo descaso com que o assunto é tratado.
Já tivemos, como a reportagem reconhece, um Serviço de Inspeção federalizado por lei, com padrão de Primeiro Mundo. Lamentavelmente, a lei foi mudada, admitindo-se as 'inspeções' estaduais e municipais, que na prática significam não-inspeção.
Hoje prevalece o caos sanitário.
Mais grave ainda, embora não atinja a proporção do segmento de bovinos, a clandestinidade também existe no segmento de pequenos animais, principalmente em São Paulo, aumentando os riscos da população.
Por essa razão, cumprimento a Folha pelo relevante serviço prestado ao denunciar à população a falta de higiene e os riscos da clandestinidade no abate de animais."
Zoé Silveira d'Avila, presidente eleito da UBA -União Brasileira de Avicultura (Barueri, SP)

Darcy Ribeiro
"Deveriam criar o prêmio Pinnocchio e entregá-lo ao senador-marajá Darcy Ribeiro. Em seu bolodório na Folha de 1º/3 diz que o sr. Paulo Francis, em artigo em que colocou o senador-racista em sua devida dimensão micrométrica, guiou-se por mim.
Não tenho o privilégio de conhecer o sr. Francis, que tampouco precisa que eu o guie; mas é rigorosamente correto tudo o que afirmou e, sabendo das coisas, talvez pudesse ter dito que a UnB foi criada por Juscelino Kubitschek e não pelo marajá.
Em vez de ficar contando suas mentirinhas, esse senador monoglota, que nada fez no MEC e na UnB fez apenas um estatuto, rejeitado pelo CFE, deveria explicar como é que se aposentou por três lugares concomitantemente: pela UFRJ, onde trabalhava no Museu Nacional e era professor de tupi; pelo Incra, onde era curador de silvícolas, e pela UnB, onde esteve requisitado enquanto foi reitor por uns três meses e não tinha vínculo de emprego.
E poderia também explicar onde aprendeu o que diz saber sobre educação (e nada sabe) tendo passado a vida toda entre os índios."
José Carlos A. Azevedo, ex-reitor da UnB -Universidade de Brasília (Brasília, DF)

Leitura difícil
"Sobre a reforma gráfica da Folha: não gostei da letra, que além de haver diminuído de tamanho é mais apagada que antes.
Acredito que 90% dos leitores são pessoas idosas e com dificuldade de visão -troquei a lente dos meus óculos pela segunda vez."
Mafalda La Falce (Santos, SP)

Nota da Redação - A partir da edição de hoje o tamanho das letras utilizadas nos textos sofreu um pequeno aumento.

Garoto Bombril
"Comecei a segunda-feira, 25 de março, recebendo vários telefonemas de solidariedade. Amigos e clientes estavam indignados com o que o Petit havia escrito sobre minha agência no caderno de Negócios da Folha.
O tema, pra quem não teve o prazer de ler, era o uso do personagem de Carlinhos Moreno para a marca do sabão em pó Quanto, coisa que meu petit companheiro não aprova.
Ele acredita que a ST está usurpando uma idéia sua, já antiguinha, por pura falta de talento para criar algo novo. Uma constatação ortopédica de que certas dores de cotovelo não são episódicas. Não basta usar Gelol.
Progredir na vida profissional começando do zero é muito gratificante. No entanto, parece que certas pessoas, acostumadas ao sucesso, acham que isso é um direito só delas. Quando constatam que não é bem assim, ficam amargas e agressivas (vide o 'Roda Viva' com Toscani).
Comecei minha carreira publicitária na DPZ. E a última coisa que gostaria é de me envolver em polêmicas, até porque não é meu estilo. Peço ao D e ao Z mil desculpas, mas Petit passou dos limites. Pior, escreveu um artigo sem nenhuma base de informação.
Não foi a ST que resolveu manter o garoto Bombril. Foi o consumidor, que, em última análise, é quem nos interessa. A ST trabalha duro, dentro da perspectiva de que o posicionamento correto para qualquer campanha é aquele que atenda as expectativas do mercado.
Não chutamos nem sacamos idéias. Transformamos, isso sim, aquilo que a consumidora pensa em conceitos criativos, pertinentes e absolutamente vencedores.
Se foi mesmo o Petit quem criou o garoto Bombril, parabéns. Parabéns também aos Ferreira que o mantiveram e a quem os sucedeu. Parabéns ao Washington, verdadeiro pai da criança.
Agora, por que não cumprimentar a ST, que soube reconhecer uma idéia que não era sua e, antes de desprezá-la, foi ao mercado saber a opinião das consumidoras?
Pequeno Petit, o personagem não é seu (até porque você mesmo diz em seu artigo que 'gentilmente cedeu os direitos ao cliente') nem meu. É do consumidor.
Com relação aos gols do Corinthians que você usa para ilustrar toda essa manifestação de ciúme e intolerância, te aconselho a ver os jogos do Verdão. Pode ser que você fique mais divertido e atualizado."
Silvana Tinelli, presidente da ST Publicidade (São Paulo, SP)

Dia errado
"Longas viagens internacionais podem afetar a noção de tempo. Quando FHC declarou, dia 29, que 'este Brasil da fisiologia acabou', certamente pensava já estar no dia 1º de abril."
Hugo Maia (São Paulo, SP)

Saco preto
"De saco em saco já encheram o do povo."
Tarcisa A. Marques Porto Uliano (Barueri, SP)
*
"Se diante dos jornalistas pronunciam-se esses termos, imagina-se o nível da conversa quando afastados da imprensa.
Os exemplos que têm vindo de Brasília ultimamente são de avermelhar qualquer cidadão. Que os bons espíritos iluminem nossos políticos."
Nilson Baracat (Fernandópolis, SP)

Trabalho escravo
"Mais de cem famílias estão vivendo em condições subumanas no Mato Grosso do Sul, segundo reportagem apresentada domingo no 'Fantástico'.
A indústria da erva-mate nativa da região escraviza famílias inteiras na colheita e no transporte.
Precisamos identificar as indústrias que estão se beneficiando dessa forma de trabalho escravo e desumano."
Dinalva Azevedo (São Paulo, SP)

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