São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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Brasil fará três acordos com Argentina

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Brasil e Argentina assinam na próxima semana, em Buenos Aires, três acordos que vão reforçar a criação de um mercado comum em três áreas: nuclear, espacial e energética (veja quadro com relação dos principais acordos).
Os três acordos são a parte técnica mais visível da visita marcadamente política do presidente Fernando Henrique Cardoso na segunda e terça-feira.
Apesar de FHC já ter se deslocado à Argentina para vários encontros de rotina do Mercosul, esta é considerada a sua primeira visita como chefe de Estado.
As chancelarias prepararam o encontro orientadas no sentido de mostrar que os dois países dependem cada vez mais um do outro -não apenas do ponto de vista macroeconômico, mas também do ponto de vista político.
Discursos
Nos discursos, os dois presidentes devem insistir em vincular o futuro dos planos econômicos de estabilização ao controle político pelas forças partidárias governistas.
A visita é tão marcadamente política que os dois presidentes vão assinar um acordo que permitirá, pela primeira vez desde a Guerra do Paraguai (1865-70), operações terrestres conjuntas dos seus Exércitos. A primeira operação deve ser ainda este ano, em solo argentino.
A aproximação acontece no momento em que os dois Exércitos mais se diferenciam na questão do serviço militar.
Enquanto o Brasil mantém o serviço obrigatório, o Exército argentino passou a ser, desde o ano passado, uma força profissional de soldados incorporados voluntariamente.
"É um ato simbólico, uma mensagem efetiva para mostrar que, se não há conflitos entre os dois países, não há porquê não nos juntarmos", disse ontem o embaixador argentino em Brasília, Alieto Guadagni.
A Marinha já fez manobras conjuntas com a Argentina.
Guadagni encara os acordos nas áreas nuclear e espacial sob a mesma ótica.
"Estabelecidas a salvaguarda e a vigilância mútuas, agora precisamos criar condições interindústriais para que os dois países produzam e participem de programas conjuntos", disse o embaixador em Brasília.
Área nuclear
Na área nuclear, o acordo é semelhante ao que foi assinado com a Índia no final do ano passado -pesquisa de radioisótopos e tratamento de resíduos atômicos.
O acordo na área energética cria condições jurídicas e técnicas para que as empresas privadas dos dois países comercializem energia e gás livremente dos fornecedores.
"Nós não vamos construir nada. Nosso governo não gasta mais dinheiro na construção de usinas ou coisas do gênero. Estabelecemos condições para que a iniciativa privada produza, distribua, compre e venda a energia", afirmou o embaixador argentino.

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