São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996 |
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Programa duplo na madrugada é de tirar o sono
INÁCIO ARAUJO
Nunca a Idade Média foi mais iluminada: as roupas, as florestas, os rostos, até as atitudes gentis (exceto as dos vilões, naturalmente) parecem mais saídos de uma corte do século 18. Mas, por isso mesmo, "Robin" abre espaço para o heroísmo descarado, límpido, sem ambiguidades de Errol Flynn, em meio a aventuras tão incessantes quanto emocionantes. "Agonia e Glória" (Globo, 1h05), ao contrário, é um desses trabalhos que crescem a cada visão. À primeira vista, parece um filme standard de Segunda Guerra Mundial. Aos poucos, vemos que cada episódio vivido pelos pracinhas e seu implacável sargento (Lee Marvin) esvazia conceitos como heroísmo ou justiça, normalmente envolvidos nesse tipo de aventura. Como se baseia na experiência do próprio autor, Samuel Fuller, o filme transmite a sensação física da guerra. Existe uma preocupação de eficácia, em cada ação, mas os combates são tomados do ponto de vista do pequeno batalhão. Nessa medida somos levados a esquecer quem é amigo ou inimigo: são seres humanos que despontam em cada cena, reduzidos à condição de elementar de bucha de canhão. É aos poucos, assim, que nos damos conta do pensamento explicitado pelo filme: o único heroísmo na guerra é sobreviver. Diferentes entre si, "As Aventuras de Robin Hood" e "Agonia e Glória" compõem um programa duplo de tirar o sono. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Leone filma a derrota Índice |
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