São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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Brown participou de lobby do caso Sivam

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Em visita ao Brasil em julho de 1994, o secretário Ron Brown ajudou de maneira decisiva a promover a imagem da empresa norte-americana Raytheon junto ao governo brasileiro para realizar o projeto Sivam.
Sete meses depois, dirigentes da Raytheon estavam furiosos com Brown por acharem que ele havia sido a fonte da informação publicada pelo jornal "The New York Times" de que a CIA ajudara a empresa a ganhar o contrato.
Brown negou ter passado a notícia ao "Times" e sugeriu que a própria central de inteligência dos EUA a havia vazado para valorizar-se.
Segundo o "Times", a CIA obteve provas de que concorrentes da Raytheon estavam subornando autoridades brasileiras para ganhar o contrato do Sivam e apresentou essas provas ao governo do Brasil para que ele escolhesse a Raytheon.
A vitória da Raytheon no projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) era um dos pontos altos do currículo de Brown como secretário do Comércio.
Ele sempre defendeu a Raytheon e a lisura do processo de sua contratação. Costumava definir as acusações contra a empresa como "conversa de perdedor".
Depois do Sivam, sua prioridade nas relações com o Brasil passou a ser o mercado de telecomunicações.
Em suas relações com o Brasil também há episódios nebulosos. Em janeiro de 1995, ele foi acusado de ter omitido em suas declarações de renda empréstimo arrumado pelo empresário José Amaro Pinto Ramos.
Ramos admitiu ter ajudado Brown a conseguir junto a um banco francês dinheiro para uma amiga do secretário comprar uma casa em Washington. Só que a casa estava registrada no nome de Brown, não da amiga.
O empresário brasileiro disse desconhecer que o imóvel pertencia ao secretário e nunca ter conversado com ele sobre o assunto.
O empréstimo intermediado por Ramos é um dos negócios de Brown sob investigação do promotor especial Daniel Pearson.
Brown comparecia com frequência a recepções na Embaixada do Brasil em Washington.
O embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima acompanhou, "com apreensão", as notícias sobre o acidente do avião do secretário norte-americano.
(CELS)

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