São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Ministro cobra recursos de FHC para submarino

DO ENVIADO ESPECIAL A IPERÓ; DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Marinha, almirante Mauro César Rodrigues Pereira, cobrou ontem do presidente Fernando Henrique Cardoso mais recursos do governo federal para o projeto de desenvolvimento do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear.
O pedido foi feito durante visita de FHC às instalações do Centro Experimental Aramar, em Iperó (125 km a oeste de São Paulo), onde parte do projeto nuclear da Marinha é desenvolvido.
Pela estimativa da Marinha, são necessários mais R$ 600 milhões (R$ 100 milhões por ano) para a conclusão do projeto. Já foram destinados para o projeto R$ 550 milhões (leia texto nesta página).
Com o recurso adicional, o protótipo do reator atômico estaria pronto entre 2002 e 2003, o que possibilitaria o lançamento do submarino em 2007.
Hoje, o Centro Tecnológico da Marinha recebe R$ 50 milhões anuais. Caso o Congresso aprove emenda ao Orçamento do deputado Paulo Heslander (PTB-MG), mais R$ 30 milhões seriam remanejados este ano para o desenvolvimento do submarino.
Em rápida entrevista, FHC elogiou o projeto mas não se comprometeu com a liberação de novos recursos para a Marinha.
"O que eu puder ajudar eu ajudo, mas é preciso ver qual é a situação do Brasil. O almirante (ministro Mauro César Rodrigues Pereira) conhece bem essa situação e nós temos que trabalhar juntos para obter mais recursos."
FHC conheceu as instalações do centro experimental e recebeu informações sobre o programa nuclear da Marinha.
Segundo o capitão de mar-e-guerra da reserva e superintendente técnico do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, Sérgio Garcia, o ministro expôs a necessidade de mais verbas sem ferir a hierarquia e com "muito respeito" pelo presidente.
Além de Rodrigues Pereira, acompanharam a visita de FHC o ministro José Israel Vargas (Ciência e Tecnologia), o secretário de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Sardenberg, o governador de São Paulo, Mário Covas, e os deputados federais José Aníbal e Antonio Carlos Pannunzio, todos do PSDB.
O presidente não quis fazer comentários sobre política eleitoral ou economia.
Para construir o submarino, a Marinha dominou a tecnologia de enriquecimento do urânio (leia texto nesta página).
Perguntado sobre a projeto de reeleição para prefeitos, governadores e presidente, FHC disse: "estou em Aramar e não em Brasília". Encerrou a entrevista em seguida.
A proposta de reeleição vem sendo articulada pelos tucanos, entre eles o ministro Sérgio Motta (Comunicações), no Congresso Nacional.
Durante entrevista, o capitão Garcia criticou os repasses de verbas do governo federal para instituições financeiras. Disse, porém, que essa insatisfação de membros da Marinha não foi levada ao presidente.
USP
FHC deixou o centro experimental às 15h e seguiu de helicóptero para o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), da USP (Universidade de São Paulo).
Durante a visita ao Ipen, FHC foi saudado pelos dirigentes e pesquisadores do instituto.
Ainda no Ipen, o presidente gravou uma mensagem que será veiculada pela TV.
Na mensagem, o presidente incentiva a doação de sangue.
Depois da visita ao Ipen, FHC foi para sua casa em São Paulo no bairro de Higienópolis (zona central).
O presidente deve seguir hoje, às 12h, para seu sítio em Ibiúna (70km a oeste de São Paulo).

Colaborou a Reportagem Local

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