São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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O anti-herói

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Leonardo Pareja ainda escreve um livro sobre a rebelião que a CNN tratou ontem como "espetacular".
Ele não apenas fez a mais longa e "espetacular" rebelião da história -depois de um recorde igual, em perseguição pelas polícias da Bahia e de Goiás- como agora sai dela, não como bandido, mas sob aplausos.
"O pessoal aplaudia", descreveu o refém de Pareja, no Aqui Agora, sobre a reação nas ruas de Goiânia, ao passar o líder da rebelião. Ele passeou pela cidade, parando em diversos bares.
Segundo o refém, foi ele próprio e não Pareja -que dirigia- quem ficou com as armas. Só devolveu pouco antes da rendição.
Aliás, segundo o mesmo refém, na Bandeirantes, foi ele próprio quem sugeriu continuar refém, para que Pareja não corresse perigo. "Ele me pegou mais uma vez como refém, por minha vontade, para se entregar."
O jovem refém do líder da rebelião é filho do presidente do Tribunal de Justiça, também refém. O desembargador, na Bandeirantes, "avisou que vai servir de testemunha de defesa" de Pareja.
Ele também "culpou o diretor da penitenciária, a qual definiu como antro de corrupção, pelo motim".
Leonardo Pareja, já antes, não apenas havia alcançado a liderança dos amotinados como a confiança do próprio secretário da Segurança, que foi quem o indicou para as negociações.
Só para ninguém esquecer -no entusiasmo- o herói Leonardo Pareja é também um sequestrador.
Cristóvam Buarque
- Os sequestradores exigiram prazo de dez horas, mas a polícia tinha ordem do governador Cristóvam Buarque para não cumprir acordo.
E a primeira morte, evitada até então com tanto esforço, foi de Carolina de Andrade, 24, estudante, no tiroteio da polícia de Buarque.

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