São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Excel não assume crédito imobiliário do Econômico

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas carteiras de empréstimos inteiras do antigo Banco Econômico não foram aceitas pelo Excel Banco e vão ficar na parte "podre" do Econômico, que continua sendo administrada pelo BC (Banco Central).
São elas: a carteira de crédito imobiliário, incluindo o FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais), e a de empréstimos feitos com base em repasses de recursos do BNDES.
Segundo a Folha apurou, a carteira de crédito imobiliário do antigo Econômico pode acabar sendo assumida pela Caixa Econômica Federal.
A parte do Banco Econômico que está sendo comprada é equilibrada. Ou seja, ativos (empréstimos) e passivos (aplicações e depósitos da clientela, inclusive as cadernetas de poupança) são de valor equivalente, aproximadamente US$ 2,3 bilhões.
Assim, somado com o atual Excel, o novo banco terá ativos de US$ 3,8 bilhões, ficando entre as dez maiores instituições.
Nova caderneta
As equipes do Excel vão passar o feriado, inclusive o domingo de Páscoa, na sede do banco, em São Paulo, em reunião para definir os últimos detalhes.
Na próxima segunda-feira, em Brasília, voltam a se reunir as equipes do Excel e do BC.
Embora já esteja definido que o novo banco terá sede na Bahia, Excel e BC não chegaram ainda a um acordo, por exemplo, sobre qual será o valor atribuído ao prédio-sede do Econômico.
Outros vários protocolos ainda precisam ser fechados. Entre eles, o de permissão para a abertura de novas cadernetas de poupança.
Desta forma, o novo banco teria garantido por lei o prazo de seis meses para iniciar a alocação obrigatória dos recursos captados em novos empréstimos imobiliários.
Outro protocolo permitirá a participação na compra da parte "boa" do Econômico pelo sócio estrangeiro do Excel, o banco suíço UBP (Union Bancaire Privée).
Os demais sócios são fundos de pensão (entre os quais Previ, Centrus e Sistel), que vão transformar em ações cerca de 80% dos recursos que mantinham aplicados no antigo Econômico.
Consulta
A inclusão do UBP na sociedade tem de ser aprovada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) e autorizada expressamente pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, já que aumenta a participação do capital estrangeiro no sistema financeiro nacional.
O presidente do BC, Gustavo Loyola, já encaminhou uma consulta formal ao governo suíço sobre o UBP, que está sendo alvo de investigação nos EUA. A resposta deve chegar entre quarta e quinta-feira da semana que vem.
O UBP deve injetar US$ 70 milhões no novo banco -o que tem de ser feito até o dia 26, já que as agências do Excel-Econômico abrem normalmente a partir do dia 29.

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