São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Dívida de São Paulo dobrou em 1995

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A dívida mobiliária da cidade de São Paulo cresceu 113,07% em 1995. Balanço da prefeitura apresentado esta semana ao Tribunal de Contas do Município, mostra que essa dívida chegou a R$ 3,951 bilhões em 31 de dezembro.
Dívida mobiliária é aquela criada com emissão de títulos -uma espécie de "vale", que é vendido para pegar dinheiro emprestado.
Só a correção monetária e os juros que recaem sobre esse tipo de empréstimo foram responsáveis por um crescimento de 53,16% na dívida mobiliária do ano passado.
Levando em conta outros tipos de dívidas -como desapropriações de imóveis e precatórias judiciais-, a prefeitura deve, ao todo, R$ 5 bilhões.
O secretário municipal das Finanças, Celso Pitta, 49, afirma que "todo o serviço da dívida está regulado e se encontra em dia".
"A situação financeira da prefeitura hoje está absolutamente equilibrada e em ordem", diz.
Pitta também afirma que, embora o município tenha emitido R$ 1,1 bilhão em títulos no ano passado, R$ 615 milhões ainda não estão no tesouro da cidade -e portanto ainda não se tornaram dívida.
O ex-secretário municipal das Finanças do governo Erundina (1989-92), Amir Khair, 55, diz que a dívida já cresceu mais de 500% em relação ao final de sua gestão.
"É um crescimento violentíssimo. Joga para a próxima gestão um enorme grau de endividamento. Toda dívida ou é paga com impostos ou com mais dívida."
Para o ano que vem, só 12% da dívida do município tem de ser paga, mas a maior parte vence até o ano 2000, afirma a vereadora Ana Maria Quadros (PSDB).
Superávit
Segundo Pitta, em 1995, a administração municipal teve o primeiro superávit orçamentário e financeiro em 20 anos: R$ 325 milhões.
As receitas do ano foram de R$ 6,151 bilhões, enquanto as despesas foram de R$ 5,826 bilhões.
"Isso demonstra que foi feito um controle orçamentário muito mais eficaz que nos anos anteriores", diz o secretário.
Para o vereador do PT Odilon Guedes, 48, o superávit foi obtido porque o governo municipal deixou de investir dinheiro previsto no orçamento para áreas sociais, como educação e saúde.
Ontem de manhã, o prefeito Paulo Maluf fez a primeira reunião do ano com todo o secretariado.
O prefeito disse que deverá estender a fiscalização sobre camelôs a outros bairros de São Paulo.
Na semana passada, a retirada de camelôs do centro de São Paulo gerou três dias de conflitos de rua.

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