São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996 |
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Presidente do TJ diz que depõe em favor de Pareja
LUIS HENRIQUE AMARAL
Sabino falou a Folha na tarde de ontem em sua casa, antes de receber a visita do governador do Estado, Maguito Vilela (PMDB). Depois de elogiar os amotinados, o desembargador criticou duramente o ex-diretor do Cepagio, o coronel Nicola Limongi. Para Sabino, o coronel foi "irresponsável" ao não preparar um esquema de segurança para impedir a rebelião durante a vistoria no presídio. "Abrirei um processo para apurar as responsabilidades pelo que passamos lá dentro. Creio que o responsável foi o Limongi", disse. Limongi se defende dizendo que os amotinados haviam sido deixados fora das celas por um agente penitenciário sem sua autorização. Segundo o desembargador, os reféns foram salvos pela "boa índole de criminosos". Sabino contou que foi muito bem tratado. "Nenhum deles tocou em fio de cabelo nosso, eu daria nota 10 para o pior criminoso". A relação entre o desembargador, seu filho Aldo, 25, e Pareja foi próxima durante a rebelião. "Eu sei que devo a minha vida ao Pareja. Se ele não assumisse as negociações com calma e competência aconteceria o pior". O presidente do TJ se ofereceu a Pareja como testemunha de defesa caso ele venha a ser processado por liderar a rebelião. Na avaliação de Sabino, Pareja "quer se reabilitar". Ele chegou a dizer ao assaltante que ele deveria "parar de exercer sua vontade de aparecer com o crime", e passasse a aproveitar o "carisma de líder". A admiração de Sabino por Pareja chegou ao ponto de ele confiar a vida do filho ao assaltante. "Havia um acordo para que eu e meu filho fôssemos levados no mesmo carro, mas o Pareja pediu para levá-lo e eu aceitei. Meu filho virou um fã incondicional dele." Sobre os outros rebelados, Sabino também não tem reclamações. "Todo o restinho de amor e afeto que resta no coração desses presos eles dedicaram a nós." Negociação O desembargador criticou a comissão que negociou a fuga dos presos. "Eles não deixavam a comida chegar a nós e cortaram a água e a luz do presídio", lembra. O desembargador conta que teve certeza de que iria morrer quando o carro em que estava foi cercado pela polícia. "Quando vi aquele monte de policiais na estrada, falei: 'tô morto"'. Na hora do cerco, Sabino diz que os amotinados pediram para ele gritar que era refém. "Eu disse que gritava, mas pedi para eles não me matarem e eles disseram que não iam atirar em hipótese nenhuma", lembra, completando: "O cerco foi uma irresponsabilidade. O acordo era de que não haveria perseguição até 10 h depois da fuga, e só tinham passado 3 horas." Texto Anterior: Presídio fica destruído após o final da rebelião Próximo Texto: Polícia do DF não segue acordo Índice |
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