São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Pareja dá autógrafos durante a fuga

WILLIAM FRANÇA
DO ENVIADO ESPECIAL

"O Pareja parece um bandido à moda antiga. Ele agiu o tempo todo como se tivesse estrelando um filme de aventuras", disse ontem o promotor Aldo Sabino, 23. Ele estava no carro do assaltante Leonardo Pareja, 22, líder do motim.
Pareja se entregou ao juiz Ivo Fávaro, da Comarca de Porangatu (GO), às 2h de ontem. Antes, foi cercado pela polícia num posto de gasolina no km 838 da BR-153 (GO-TO).
Apesar das poucas horas de sono, Aldo Sabino não demonstrava cansaço ao narrar as aventuras do "amigo" Pareja.
Segundo ele, sua admiração por ele aumentou na rebelião -quando até jogava bola com Pareja.
Passeio Tão logo deixou o Ceipago no Omega preto, Pareja começou a passear por Goiânia.
O assaltante não usou colete à prova de balas, que ficou com Aldo. Passou em um dos bares da moda e comprou três latas de cerveja e três de refrigerante. Pagou com uma nota de R$ 50. "O troco é para o cafezinho", disse.
Pareja bebeu refrigerante. "Bebida não combina com volante", disse o assaltante. Depois, parou em frente ao Colégio Rui Barbosa.
"Tá me conhecendo? Muito prazer, sou o Pareja, tô fugindo. Este é o refém e estes estão fugindo comigo", dizia. Aldo conta que ele até deu autógrafos.
Por volta de 20h, pegou a estrada em direção a Tocantins. "Meu único medo era a velocidade. Uma vez deu 232 km/h. Comi um pedaço do rosário que estava no meu pescoço com pavor.", contou.
Os outros fugitivos queriam chegar a uma fazenda perto de Tocantins. Pareja os deixou lá e ficou sozinho no carro com Aldo, ouvindo música sertaneja e pagode.
Pareja queria dar "um tempo de fuga" para os colegas antes de libertar Aldo e se entregar. Nesse tempo, encontrou uma barreira da PM. O carro, reconhecido, recebeu um tiro de fuzil.
Ele deu meia-volta e parou num posto de gasolina logo depois. Pediu carona, mas não conseguiu.
Alugou por R$ 50 o telefone do restaurante e pediu que Aldo ligasse para sua casa.
A PM cercou o posto. Vendo que Pareja poderia ser fuzilado, Aldo conta que entregou o revólver para o amigo e pediu que ele simulasse um sequestro.
(WF)

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