São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Homicídios batem recorde na Grande SP

MARCELO GODOY e ROGERIO SCHLEGEL

MARCELO GODOY; ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram 719 assassinatos no mês de março; recorde anterior era de 705, registrado em abril do ano passado

Março registrou o recorde histórico de homicídios na Grande São Paulo. A Secretaria da Segurança Pública divulgou ontem que houve 719 assassinatos no mês passado.
O recorde anterior havia sido registrado em abril do ano passado, que teve 705 homicídios.
Em relação ao mês de fevereiro deste ano, o aumento foi de 2,7%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o acréscimo de março representa 9,6%.
Fevereiro, que teve 29 dias, continua com o recorde diário de assassinatos -24,13 casos por dia. Na média diária, março teve 23,19 casos ou um a cada 62 minutos.
Mudança na curva
Mantida a média diária dos três primeiros meses, 96 fecharia com 8.510 casos -um crescimento de 15,6% em relação ao ano passado.
Esse cenário contraria a tendência dos últimos anos, de aumentos seguidos, mas a percentuais cada vez menores.
Na comparação do primeiro trimestre de 96 com o mesmo período do ano passado, os homicídios cresceram 13,3%.
Causas
O diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), delegado Marco Antônio Desgualdo, 45, disse que um dos motivos para haver mais homicídios foram as seis chacinas ocorridas em março na região.
Nesses crimes, morreram 23 pessoas (3,1% do total mensal).
Para ele, a redução dos homicídios passa pelo combate ao porte ilegal de armas. "Entre 85% e 87% dos assassinatos são cometidos com armas de fogo. É preciso desarmar a população."
A Secretaria da Segurança Pública anunciou em fevereiro uma campanha de desarmamento da população que ainda não foi lançada.
Inicialmente, o secretário cogitou trocar armas por cestas básicas. Mas, diante da reação negativa da própria polícia, a secretaria está fazendo, por meio de uma agência de publicidade, uma pesquisa qualitativa para verificar o que seria atraente para a população.
O secretário afirmou no mês passado que a polícia tem feito operações especiais tentando apreender armas.
As apreensões teriam crescido da média mensal de 1.330 armas, no último trimestre de 95, para 1.620, nos dois primeiros meses de 96.
"Só falta a publicidade", disse.
Drogas
Segundo Desgualdo, outro fator que contribui para os homicídios é o tráfico de drogas. "Combater os assassinatos passa pela repressão aos entorpecentes", acredita.
O delegado disse que polícia está reforçando o policiamento preventivo nas áreas com maior incidência de homicídios.
"É a melhor maneira de inibir a ação de criminosos", disse.
Uma preocupação da polícia é o crescimento dos assassinatos por motivos fúteis, estimado pelo DHPP em 30% no último ano.
Perto de 50% dos homicídios acontecem nos fins-de-semana, quando as pessoas estão em casa e, com frequência, abusam de drogas ou da bebida.
Outros crimes
Os furtos, roubos e roubos e furtos de carros também cresceram no mês passado.
Os furtos subiram de 8.595, em fevereiro, para 9.223, em março -crescimento de 7,3%.
O número de roubos de março superou em 10,4% o do mês anterior. Foram 7.181 no mês passado, contra 6.503 em fevereiro.
Março teve 9.839 roubos e furtos de carros, o que representa 13,9% mais casos do que em fevereiro. Em 95, esse tipo de crime mostrou queda de 12,9%, comparado a 94.

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