São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Cantina do Povo volta às origens

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Cantina do Povo já foi uma instituição paulistana. Nasceu há 71 anos perto do Mercado Central e mudou-se em 1952 para Pinheiros, no prosaico largo da Batata, onde ganhou fama.
Até sair de lá, em 84, era o lugar simples e charmoso onde intelectuais e burgueses buscavam a possibilidade de convivência que não encontravam nos restaurantes elegantes. Seus peixes tinham reputação de honestos e não tão caros.
Esse perfil sofreu uma guinada quando a casa mudou-se para o Itaim. Ficou um peixe fora d'água. Foi para entornos mais chiques, maiores instalações -mas parece que seu público curtia tê-la ali perto dos pontos de ônibus onde circulava o objeto de seus estudos, lucros ou ideais, o povo.
Agora a casa rumou (ao menos geograficamente) de volta às origens, embora em área mais nobre. E segue a trilha dos seus fundadores, sempre na família -o comando é dividido entre Nelson dos Santos, 67, genro do fundador José Biagioni, suas cunhadas Lourdes Biagioni, 62, e Mary d'Masi, 72, e seu filho Vagner dos Santos, 36.
A espinha dorsal são os peixes, feitos à moda brasileira antiga, um tanto ingênuos e frequentemente saborosos. Mas há diferenças. A casa agora conta com uma grelha char-brioler, o que significa que os peixes não são mais chapeados, e sim grelhados mesmo.
A oferta mais diversificada de matérias-primas também marcou o cardápio da nova Cantina do Povo. Postas de badejo podem ser servidas com molhos de alcaparra e manteiga ou com vinho do Porto e cebolas. Embora nada supere os peixes com molho de camarão, tomates e a companhia de um pirão, marcas mais autênticas de seu velho estilo.

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