São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Tornatore faz seu melhor filme

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Para quem achava que Giuseppe Tornatore acabou com "Cinema Paradiso" (1988), "O Homem das Estrelas" é um desmentido.
O que aproxima os dois filmes é, a rigor, a presença do cinema como personagem principal.
"Cinema Paradiso" era uma evocação sentimental sobre um cineasta. Ele volta à sua cidade para os funerais do anônimo projecionista que era, a rigor, o real motivo de sua glória posterior.
A estrutura era, em linhas gerais, a mesma de "O Homem que Matou o Facínora", de John Ford. Em "O Homem", a preocupação com a ambiguidade lenda/realidade retorna. Mas a mediação é outra.
Agora estamos face a Joe Morelli, um suposto caçador de talentos para o cinema. Ele faz falsos testes com camponeses da Sicília.
Morelli é um traficante de ilusões bem na tradição dos malandros da comédia italiana. Já o que ele filma, os testes, pertence a outra rica tradição, o neo-realismo.
Ou seja, Morelli vende ilusão, mas capta o real. Está aí, em síntese, a história deste filme quase sem enredo.
Ao superpor as idéias de real e ilusão, às vezes o filme chega a resultados notáveis. Em outros tateia, incerto, os conceitos fordianos. Dessa imprecisão vem o final melodramático. Apesar disso, "O Homem das Estrelas" mostra que Tornatore não está morto. É seu melhor filme.
(IA)

Filme: O Homem das Estrelas
Produção: Itália, 1995
Direção: Giuseppe Tornatore
Com: Sergio Castellito, Tiziana Lodato
Onde: a partir de hoje nos cines Ibirapuera 3, Lar Center 1, Bristol e Olido 3

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