São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996 |
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Tornatore faz seu melhor filme
INÁCIO ARAUJO
O que aproxima os dois filmes é, a rigor, a presença do cinema como personagem principal. "Cinema Paradiso" era uma evocação sentimental sobre um cineasta. Ele volta à sua cidade para os funerais do anônimo projecionista que era, a rigor, o real motivo de sua glória posterior. A estrutura era, em linhas gerais, a mesma de "O Homem que Matou o Facínora", de John Ford. Em "O Homem", a preocupação com a ambiguidade lenda/realidade retorna. Mas a mediação é outra. Agora estamos face a Joe Morelli, um suposto caçador de talentos para o cinema. Ele faz falsos testes com camponeses da Sicília. Morelli é um traficante de ilusões bem na tradição dos malandros da comédia italiana. Já o que ele filma, os testes, pertence a outra rica tradição, o neo-realismo. Ou seja, Morelli vende ilusão, mas capta o real. Está aí, em síntese, a história deste filme quase sem enredo. Ao superpor as idéias de real e ilusão, às vezes o filme chega a resultados notáveis. Em outros tateia, incerto, os conceitos fordianos. Dessa imprecisão vem o final melodramático. Apesar disso, "O Homem das Estrelas" mostra que Tornatore não está morto. É seu melhor filme. (IA) Filme: O Homem das Estrelas Produção: Itália, 1995 Direção: Giuseppe Tornatore Com: Sergio Castellito, Tiziana Lodato Onde: a partir de hoje nos cines Ibirapuera 3, Lar Center 1, Bristol e Olido 3 Texto Anterior: Chabrol observa agonia da razão francesa Próximo Texto: Monólogo narra a última noite de Florbela Índice |
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