São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Declaração ameaça romper paz coreana

Norte desrespeitará zona neutra

RICHARD LLOYD PARRY
DO "THE INDEPENDENT", EM TÓQUIO

O impasse militar entre as duas Coréias, que já dura 43 anos, ficou ainda mais tenso ontem quando o governo comunista da Coréia do Norte renunciou a suas obrigações na zona desmilitarizada (ZDM) que separa os dois Exércitos desde o final da guerra da Coréia.
Após o anúncio do governo de Pyongyang, a Coréia do Sul avisou que irá retaliar contra qualquer provocação militar por parte do Coréia do Norte. Depois de uma reunião de emergência do gabinete sul-coreano, um alto representante do Ministério da Defesa disse que Seul não vai tolerar qualquer violação da trégua que pôs fim à guerra de 1950-53.
Segundo uma declaração divulgada desde Pyongyang pela Agência Central de Notícias Coreana, o Exército do Povo Coreano, que tem 1 milhão de soldados concentrados perto da fronteira, iria "renunciar ao dever que lhe cabia, sob os termos do acordo de armistício, relativo à manutenção e ao controle da linha de demarcação militar e da ZDM. Em segundo lugar, o Exército do Povo Coreano retirará as insígnias e marcas distintivas dos seus veículos e efetivos, quando entrarem na área de segurança conjunta".
As consequências exatas da decisão não ficaram claras de imediato, mas a curto prazo é provável que não façam muita diferença prática. De alguns anos para cá o armistício, que pôs fim à guerra da Coréia em 1953, vem sendo cada vez mais desrespeitado, com ambos os lados lançando acusações mútuas de violações.
O Conselho Militar do Armistício, órgão bilateral responsável pelo monitoramento da paz, não se reúne desde 1994, quando a Coréia do Norte retirou sua missão e mais tarde expulsou observadores neutros poloneses e tchecos.
Nenhum tratado formal de paz foi assinado depois do final da guerra da Coréia. O armistício foi um cessar-fogo militar assinado por generais, e sem ele os dois lados estariam, tecnicamente pelo menos, em guerra outra vez.

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